Junji Abe: ‘Sede de vida’

Em artigo, ex-deputado federal pelo PSD-SP pede reflexão sobre a afirmação "bandido bom é bandido morto". Para ele, "quem cometeu um delito, precisa ser punido. Mas, não exterminado."

09/10/2015

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Junji Abe, ex-prefeito de Mogi das Cruzes e ex-deputado federal pelo PSD-SP

A semana começou com a notícia de que metade da população das grandes cidades brasileiras concorda com a afirmação de que “bandido bom é bandido morto”. O resultado foi extraído da pesquisa Datafolha. O levantamento despertou reações das mais diversas. De um lado, manifestações de quem acredita num número maior de adeptos do tal olho por olho, diante da insegurança generalizada. De outro, gente que se espantou com a sede de matança porque não concorda com a pena capital.

À medida em que os governos mostram-se ineficazes para cuidar da segurança pública, multiplicam-se as ocorrências criminais. E, com elas, a tendência de aflorar no cidadão comum seu instinto animal de proteger sua prole e território a qualquer custo. Mesmo que isto signifique amordaçar a civilidade para apregoar o extermínio de quem quer que lhe pareça uma ameaça.

Já se faz tarde a reconstrução moral da sociedade brasileira. Requer ensino de qualidade, com difusão da prática da cidadania, e acesso gratuito às diversas modalidades culturais. Também exige esforços permanentes no lar para o resgate de valores morais. Família, religiosidade – qualquer que seja o credo –, educação e cidadania são a base para uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.

É fácil clamar por pena de morte e fazer ode aos justiceiros. Mas, é justo? Por um minuto, ponha-se no lugar das famílias que perderam seus parentes em chacinas. Enquanto houver um inocente morto por quem resolve fazer justiça com as próprias mãos – policial ou não –, é prova de que a matança está fadada ao fracasso. Quem cometeu um delito, qualquer que seja, precisa ser punido. Mas, não exterminado. Em sã consciência, alguém acredita que não haverá – como tem havido – condenações equivocadas de gente inocente?

Invoco o feriado de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil, para uma reflexão. Comecemos a nova semana de um jeito melhor: no dia 12 de outubro, que também é o da Criança, cultivemos a força da fé e a pureza da alma infantil que vive em cada um para aprendermos a ter sede de vida. Não de morte.

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