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Rafael Auad: ‘Renovação sim. Mas estamos tentando do jeito certo?’

Coordenador da Juventude do PSD São Paulo, Rafael Auad mostra em artigo que, apesar dos esforços pela renovação dos quadros políticos, os eleitores continuam escolhendo representantes de mais idade

02/12/2016

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Rafael Auad, graduando de Engenharia de Minas de Engenharia de Minas da Escola Politécnica da USP e coordenador da Juventude do PSD de São Paulo

 

Fazer uma análise fria das estatísticas fornecidas pelo TSE ao final de cada eleição pode ser uma experiência muito divertida se:

  1. a) você gosta muito de números;
  2. b) você não se importa de gastar algumas horas no Excel; e, principalmente,
  3. c) você está disposto a frustrar (quase) todas as suas expectativas!

Digo isso porque sou daqueles que, talvez pela minha formação (ainda incompleta) de engenheiro, gostam de tentar olhar para os números e extrair deles as respostas que buscamos para os problemas complexos.

Infelizmente, na política brasileira as estatísticas eleitorais parecem apenas confirmar o quadro clínico da doença que chamamos de “falta de representatividade”…

A tão sonhada renovação da classe política, apontam os brasileiros do mundo acadêmico e das mesas de bar, está na juventude! Pois bem, foi exatamente essa análise que me forcei a fazer nos últimos dias. Vejamos:

Comparando as últimas eleições municipais (a atual e a de 2012) e considerando como jovens aqueles candidatos com até 34 anos (pois os dados apresentam uma maior consistência comparativa), vemos que, nessa faixa etária, o número de candidatos a prefeito caiu de 1492 para 1411. Mas tudo bem, pois sabemos que uma candidatura majoritária depende muito mais da conjuntura política local do que da disposição da pessoa em ser um agente político!

Quando olhamos, então, para as candidaturas proporcionais temos um resultado levemente mais satisfatório, com um número que cresceu de 91.635 candidatos para 92.334. Mas o salto de apenas 1% perde importância diante do crescimento de quase 6% observado no número total de candidatos a vereador entre os dois pleitos.

Até aí, nada muito novo a se inferir – a política tem sido cada vez mais criminalizada, e por mais que se insista no chavão de que “o jovem é o caminho da renovação”, é natural que o os jovens se afastem daquilo que é mal falado. Afinal, “político é tudo bandido” é um chavão tão (ou até mais) forte quanto o primeiro.

Contudo, o que me quebrou as expectativas estava posto além do número de candidatos: estava no número de eleitos!

A variação no número de jovens eleitos entre as duas eleições foi de 564 para 492 para o cargo de prefeito e de 11.986 para 10.693 quanto aos vereadores – uma queda, em termos globais, de 11%!

Ou seja, embora o discurso seja de incentivo à participação do jovem na política, o eleitorado votou menos em candidatos jovens, em meio à toda essa crise de representatividade, do que há quatro anos.

Por quê? Não sei! Mas há de se perguntar se estamos buscando a renovação da forma certa…. Até porque a crise política parece ter inclinado o eleitorado para escolhas mais conservadoras, apesar da opinião pública apontar o contrário.

Claro que seria irresponsabilidade minha não fazer a ressalva de que essa é uma análise superficial, e que em política (para tristeza de um admirador das ciências exatas) é preciso sair dos números e olhar os casos em seu contexto particular.

Mesmo assim, sou uma pessoa esperançosa e acredito que, apesar de corrermos o risco de não estar buscando a renovação da forma certa, estamos ao menos tentando!

O aumento, embora tímido, no número absoluto de jovens candidatos a vereador entre as eleições mostra uma vitória conceitual – ainda há jovens que acreditam na política como o meio mais eficiente de transformar a sociedade. Claro que ser candidato não é a única forma de atuar politicamente, mas é um bom indicativo…

Além disso, há um número cada vez maior de jovens que buscam seguir carreiras não tradicionais, através do terceiro setor ou de empresas ligadas à chamada “economia social”, o que não deixa de ser uma nova roupagem para aqueles dispostos a fazer a boa política, não é mesmo?

Em suma, para alcançar a chamada “renovação da classe política” nós, como nação, precisamos continuar tentando!

Àqueles que ocupam os espaços de poder, apelo agora ao chavão de que “é preciso dar mais oportunidade aos jovens” – temos vontade, e queremos fazer!

E a nós, jovens, apelo à insistência. Precisamos estar sempre atentos à nossa força junto à opinião pública e ao papel crítico que exercemos como agentes da sociedade.

Afinal, contamos com uma vantagem da qual nem todos dispõem: podem estar todos contra nós, mas o tempo, implacável, está a nosso favor.

Vamos continuar tentando!

 

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