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Tiago Peixoto: ‘Cultura do bom senso’

É fundamental fazer a defesa de toda forma de Cultura, sem censura e sem repressão, mas também é importante ser contrário a qualquer tipo de exposição de obras impróprias a crianças ou jovens, escreve o deputado federal.

23/10/2017

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Tiago Peixoto, deputado federal pelo PSD de Goiás

 

Vivemos polêmica atual sobre exposições artísticas no Brasil. A questão rivalizou dois polos. De um, o discurso sobre a liberdade do artista. De outro, alegações sobre ameaças morais que podem trazer determinadas expressões de arte. Afinal, qual dos dois está correto?

Não há necessidade de antagonismos nesse caso. Por um lado, é fundamental fazer a defesa de toda forma de Cultura, sem censura e sem repressão. Por outro, é importante ser contrário a qualquer tipo de exposição de obras inapropriadas a crianças ou jovens. Uma posição não exclui a outra. Combinar os dois pontos é possível.

A sintonia entre duas questões aparentemente opostas tem, inclusive, viés legal. A Constituição garante a liberdade de expressão artística. Já quanto à presença de crianças em situações que muitos consideram ofensivas, o Estatuto da Criança e do Adolescente preserva-os de ameaças à sua dignidade. Ou seja, existe lei prevista para defesa de ambos os lados. E nenhum pode se sobrepor.

Precisamos de bom senso. Não se deve colocar mais lenha no fogo. Com a polarização enraivecida, a cegueira prevalece. Esse deve ser um debate sem lado e sem paixões. Afinal, cada parte tem suas razões. A liberdade artística não pode ser ameaçada, mas as pessoas sempre têm o direito de se sentir incomodadas, é claro. Mas sempre há a opção de cada um assistir ou não qualquer espetáculo que seja.

Mas não deixa de chamar a atenção que, em pleno século 21, ainda tenhamos esse tipo de discussão. Alguns argumentos que vêm à tona remetem à época das caças às bruxas. O alemão Goethe dizia que não há nada mais terrível do que a ignorância ativa. Mas não podemos permitir que isso prevaleça.

Ao invés de engrossar o coro de um debate sem fim, porque não buscar uma solução? Não seria mais fácil, por exemplo, criar classificações indicativas para as apresentações, como ocorre em grandes museus do mundo e nos cinemas? Não seria mais prático identificação prévia do perfil daquela apresentação? Tudo bem que a arte é perturbadora por natureza, mas, talvez, o melhor a ser feito, é que determinados tipos de apresentação sejam direcionados para públicos e locais adequados às suas características.

Buscar o diálogo é a melhor saída. Temos que raciocinar com objetividade em alternativas e não procurar novos argumentos que venham a alimentar ainda mais essa fogueira de insensatez.

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