ENCONTRO DEMOCRÁTICO

As mulheres avançam, mas há um longo caminho à frente

Em debate promovido pelo Espaço Democrático e pelo PSD Mulher, palestrantes destacam a elevação da consciência crítica feminina e a necessidade de atuar politicamente para garantir conquistas

09/03/2018

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Luiza Nagib Eluf abordou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres que se candidatam a cargos políticos e destacou avanços como na questão do assédio sexual.

 

Edição: Scriptum

 

Nos últimos anos houve um crescimento importante da consciência crítica das mulheres em relação ao seu papel na sociedade, mas ainda há muito a ser feito neste sentido. E o caminho para continuar avançando é o aumento da participação feminina nos centros de decisão públicos e privados. A constatação é das palestrantes do Encontro Democrático promovido nesta quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, pelo Espaço Democrático – a fundação do PSD para estudos e formação política – e o PSD Mulher.

Aberto pela coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio, e conduzido pela secretária do núcleo feminino, Ivani Boscolo, o encontro foi transmitido ao vivo pela página do Espaço Democrático no Facebook e pode ser revisto na íntegra aqui.

Alda destacou, ao abrir o evento, que a grande tarefa do PSD Mulher, em 2018, é preparar as candidatas que concorrerão pelo partido nas eleições do final do ano. Segundo ela, “o PSD quer ter como representantes, nas eleições, mulheres vitoriosas, criativas, com disposição para buscar votos e vencer”.

A coordenadora do núcleo feminino saudou as pré-candidatas presentes e distribuiu a cada uma delas material com sugestões para o desenvolvimento da candidatura. Ela anunciou, durante sua fala, que estava abonando a ficha de filiação da delegada Rossana Camacho, que dedicou grande parte de sua carreira de 25 anos na polícia à defesa das mulheres e deve se candidatar pelo PSD.

Alda enfatizou que o Dia Internacional da Mulher tem que ser um dia de luta. “Toda luta é paulatina, avança aos poucos, mas o importante é não recuar do ponto a que chegamos”, afirmou, lembrando que as mulheres precisar utilizar os partidos políticos para mudar as coisas. “Partidos como o PSD, que busca criar um espaço saudável para a mulher militar por sua causa”.

Ela também destacou a importância de as mulheres batalharem pela criação de cotas para eleitas nos parlamentos, “pois as cotas de candidatas, que obriga os partidos a apresentarem um mínimo de 30% de mulheres em suas chapas, fizeram muito pouco por nós”.

Para Jacira Vieira de Melo, o aumento das candidaturas de mulheres é importante para o avanço da causa feminina.

A defesa da ideia de criação de cotas para eleição de mulheres foi o tema central da palestra da vice-coordenadora do PSD Mulher, Adriana Flosi, presidente da Associação Comercial e Industrial de Campinas (SP). Para ela, criar cotas para garantir uma presença maior de mulheres em cargos de direção nas empresas públicas e nos parlamentos (Congresso, assembleias e câmaras municipais) é uma forma de garantir a igualdade de oportunidades.

Ela disse que o argumento de que não existem mulheres capacitadas em número suficiente para ocupar esses lugares não é verdadeiro, pois no Brasil hoje existem mais mulheres que homens graduados em cursos de nível superior. “Temos competência para ocupar o nosso lugar”, afirmou. Lembrou ainda que, apesar dos avanços, continua a desigualdade no que se refere aos salários recebidos por mulheres que ocupam os mesmos cargos que homens. “Antes a diferença era de 30% e agora é de 24%, mas a injustiça permanece”, afirmou, enfatizando que cabe a todas as mulheres disseminar a proposta de criação de cotas.

Por sua vez, a cientista social Jacira Vieira de Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, organização social que atua na defesa dos direitos das mulheres, destacou que vem aumentando a consciência crítica das mulheres sobre a discriminação que sofrem na sociedade e no ambiente de trabalho, e também a resistência aos casos de assédio sexual.

Em sua visão é importante que os candidatos ao cargo de presidente da República, na eleição deste ano, entendam a importância do papel da mulher na sociedade e incluam em suas plataformas o compromisso com esse segmento social.

Adriana Flosi: “Temos competência para ocupar o nosso lugar”

Para ela, o aumento das candidaturas de mulheres é importante para o avanço da causa feminina. Por isso, disse, é preciso encarar as campanhas com seriedade e muita criatividade. “Como enfrentar a notória disparidade entre os recursos disponíveis para candidaturas masculinas e femininas?”, perguntou, respondendo que a criatividade é uma das armas para superar isso.

Segundo Jacira, isso pode ser feito, por exemplo, usando material de campanha com informações que realmente causem impacto na vida cotidiana das pessoas. Citou conversas com dirigentes do Ibope, para quem as eleitoras prestam atenção às propostas de políticas públicas que têm efeito na vida da família, pois são elas as responsáveis por recorrer aos serviços públicos quando algum familiar necessita.

Aconselhou as candidatas a se comunicarem com frases curtas e linguagem direta e a cuidarem da aparência. “Nossa presença e aparência é que vai passar segurança para nós mesmas e para quem está nos ouvindo”, disse, recomendando ainda às candidatas a coletarem muita informação – em sites como o do IBGE – sobre a população e as condições de cada região em que atuarem. “Isso deixa uma boa impressão fantástica”, disse.

O encontro foi concluído com a palestra da escritora, advogada e ex-procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Luiza Nagib Eluf. Além de abordar as dificuldades que são enfrentadas pelas mulheres que se candidatam a cargos políticos, ela destacou os avanços que vêm sendo registrados, por exemplo, na questão do assédio sexual. Citou a discussão em andamento no Congresso sobre o crime de importunação sexual, com penas específicas. “Esse é um aperfeiçoamento da legislação e são questões como essa que precisam do apoio das mulheres, que devem se candidatar e buscar recursos para vencer as eleições e ocupar espaço no parlamento”, afirmou.

Leia aqui o artigo de Luiza Eluf sobre assédio sexual.

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