DEBATE

Compliance é antídoto para rigor com as contas partidárias

Em palestra no Espaço Democrático, secretário de Comunicação Social do STF, Márcio Aith, fala sobre cenário criado pelo financiamento público das atividades dos partidos políticos

19/02/2019

FacebookWhatsAppTwitter

“Prevejo uma trombada entre os órgãos de fiscalização e os partidos nos próximos ciclos eleitorais”, afirmou Márcio Aith

 

Edição: Scriptum

 

O financiamento público das atividades partidárias e campanhas eleitorais criou um novo cenário para o sistema político brasileiro, ao qual os partidos precisam se adaptar rapidamente para evitar problemas graves. O alerta foi feito nesta segunda-feira (18) pelo secretário de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal (STF), Márcio Aith, em palestra no Espaço Democrático – a fundação do PSD para estudos e formação política do PSD.

Com a presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e de lideranças do partido de todo o Estado de São Paulo, Aith falou sobre compliance, termo da língua inglesa que vem ganhando notoriedade no mundo todo, nos últimos anos, em razão dos esforços internacionais para coibir a corrupção nas atividades políticas e empresariais. Segundo ele, a palavra vem do verbo inglês to comply (cumprir) e é entendida como o estabelecimento, nas entidades públicas e privadas, de um sistema de controle, transparência e denúncias que detecte, interna e rapidamente, antes dos órgãos de fiscalização, desvios legais cometidos por seus diretores e/ou funcionários.

 

Aith – que já atuou como advogado (formado na São Francisco, da USP) e jornalista, com passagens por veículos de comunicação como Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo e Veja, tendo trabalhado também nas campanhas eleitorais de José Serra e Geraldo Alckmin – enfatizou em sua palestra a importância de os partidos políticos adotarem o compliance. “Só no ano passado, 2018, a União destinou R$ 1,8 bilhão aos fundos partidários e eleitorais. Esse volume de recursos já provocou e vai continuar provocando muita polêmica”, afirmou.

Ele lembrou que o financiamento público dos partidos gera um conflito, na medida em que direciona recursos públicos para entidades de direito privado, que têm autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento; não seguem leis básicas de administração pública, como a de licitação; e não se submetem às regras que regem entidades de direito público. “A polêmica em torno de irregularidades que teriam ocorrido na campanha eleitoral do PSL é um sintoma da nova realidade, da atenção rigorosa sobre os gastos dos partidos, com exigências burocráticas cada vez mais específicas”, disse Aith.

Para ele, o conflito gerado pelo financiamento público de entidades de direito privado vai se agravar. “Prevejo uma trombada entre os órgãos de fiscalização e os partidos nos próximos ciclos eleitorais”, afirmou, enfatizando a necessidade de os partidos buscarem formas de se antecipar ao problema. “A solução é trazer o compliance para dentro de suas estruturas, estabelecendo mecanismos de fiscalização e regras internas para o uso dos recursos”.

Na palestra – que teve como moderador o jornalista Sérgio Rondino – Aith lembrou que o PSD é hoje um dos partidos mais bem estruturados do Brasil e sugeriu que o partido tome a iniciativa de ter um pequeno departamento de compliance. “O fato é que o financiamento público vai elevar o rigor da fiscalização daqui para a frente e adoção de sistemas internos para coibir desvios é um avanço positivo, que mostra à Justiça Eleitoral que há interesse em se caminhar para a auto-fiscalização e autorregulamentação”, concluiu.

Além do presidente do PSD, Gilberto Kassab, encontro teve a presença do ex-ministro Andrea Matarazzo, além de prefeitos e vices

Além do presidente nacional Gilberto Kassab, a palestra de Márcio Aith teve a presença de líderes do partido como o ex-ministro Andrea Matarazzo; a coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio; a senadora suplente Ivani Boscolo; o diretor-superintendente do Espaço Democrático, João Francisco Aprá; e os prefeitos Lucas Pocay (Ourinhos), Junior Advogado (Santo Antônio do Pinhal), Rogério Franco (Cotia), Dr. Christian (Euclides da Cunha Paulista) e José Carlos Hori (Jaboticabal), além de vice-prefeitos e vereadores de todo o Estado.

A palestra de Márcio Aith fez parte da série Encontros Democráticos, que a fundação do PSD vem fazendo regularmente há quase oito anos. Ao realizá-los, o objetivo do Espaço Democrático é debater temas de interesse de toda a sociedade brasileira, produzindo informação para embasar a atuação dos integrantes do partido em todas as instâncias da vida nacional. A íntegra das palestras é lançada em publicações impressas, mas pode ser vista também no site da fundação (veja aqui).

FacebookWhatsAppTwitter

  0 Comentários

FacebookWhatsAppTwitter