ECONOMIA

Juro alto afasta pequenos empreendedores dos bancos

O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, mostra que 86% das micro e pequenas empresas evitam buscar novos empréstimos. Ele defende medidas para facilitar o crédito ao setor

08/11/2018

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Guilherme Afif: “Os bancos só estão disponíveis para as médias e grandes empresas, que podem oferecer maiores garantias para os financiamentos” (Wilson Dias/Agência Brasil)

 

Edição: Scriptum

 

Em sua participação no Fórum de Cidadania Financeira, que terminou nesta quinta-feira (8) em Brasília (DF), o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, disse que a maioria dos pequenos negócios está insatisfeita com o sistema financeiro brasileiro. Ele fez a afirmação com base em pesquisa elaborada pelo Sebrae que mostra que 86% das micro e pequenas empresas evitam buscar novos empréstimos.

Apesar da superação do pior momento da crise econômica e da redução dos juros pelo Banco Central, os pequenos negócios continuam a ser excluídos do crédito bancário. Para o presidente do Sebrae, o recado apontado na pesquisa é claro: o Sistema Financeiro Nacional não atende às necessidades dos empreendimentos de menor porte. “As altas taxas de juros, a burocracia o excesso de exigências para tomar um empréstimo são como espantalhos que afugentam as pequenas empresas e impedem que elas busquem os recursos necessários para alavancar o negócio. Na prática, os bancos só estão disponíveis para as médias e grandes empresas, que podem oferecer maiores garantias para os financiamentos”, comentou Afif.

Por sua vez, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, destacou a importância da parceria com o Sebrae, e anunciou Índice de Cidadania Financeira: “Esse índice será útil para acompanhar a evolução da cidadania financeira no Brasil, de forma clara e sintética, nas diversas regiões do país e ao longo do tempo. É uma proposta inicial que apresentamos como convite para o diálogo e aperfeiçoamento”. Goldfajn também lançou uma proposta para o conceito de Cidadania Financeira e o Relatório de Cidadania Financeira (RCF), que a partir de agora substitui o Relatório de Inclusão Financeira.

Pesquisa

Conforme a pesquisa Financiamento dos Pequenos Negócios 2018, realizada entre os meses de junho e agosto, 54% dos entrevistados adotam a prática de negociar o prazo de pagamento de faturas diretamente com os seus fornecedores e 26% recorrem ao cheque pré-datado. Essas são as principais práticas adotadas para solucionar os problemas de caixa mais imediatos, dado que o sistema financeiro não oferece condições adequadas. O principal fator continua o mesmo: a elevada taxa de juros, apontada por 47% dos empresários ouvidos na amostragem como motivo para não contrair empréstimos nos bancos.

A avaliação dos entrevistados em relação ao sistema bancário revela a piora dos indicadores. 61% dos seis mil empresários ouvidos acham o sistema ruim ou muito ruim, a pior avaliação desde 2013. Também é 61% a proporção dos empreendedores que não obtiveram crédito junto aos bancos nos últimos cinco anos, sendo que, além da taxas de juros elevadas, os principais motivos apontados para se afastarem dos bancos foram a falta de garantias e de avalistas.

Parceria

Para enfrentar a situação e tornar o sistema financeiro acessível aos empresários de pequenos negócios, o Sebrae e o BNDES firmaram parceria com atuação em quatro grandes frentes. O principal desafio está em tornar o acesso a crédito um assunto de fácil gestão na rotina dessas empresas e simplificar as relações com os bancos para permitir acesso a financiamento, garantias de crédito e orientação empresarial. O trabalho é direcionado para a concessão de crédito orientado; reconhecimento dos canais de distribuição, com apoio das fintechs; e capitalização das MPE. “Com a parceria, o Sebrae busca aumentar o número de pequenos negócios atendidos com acesso a financiamentos do BNDES, além de melhorar o relacionamento das instituições financeiras com este público”, explicou Afif.

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