PSD MULHER

Maura de Oliveira é exemplo de determinação no Rio de Janeiro

Uma das lideranças do partido na capital do Estado, ela superou a fome, os maus tratos e a violência sexual para trilhar uma trajetória vitoriosa como escritora, palestrante e ativista social

08/03/2018

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Maura de Oliveira e o deputado federal e presidente do PSD do Rio de Janeiro, Indio da Costa: “Fui muito bem recebida no PSD”

 

Edição: Scriptum

 

A trajetória da escritora, ativista social, palestrante e uma das lideranças do PSD Mulher do Rio de Janeiro, Maura de Oliveira, é uma demonstração de que a determinação e o amor pelos estudos podem transformar a vida de qualquer pessoa, mesmo nas condições mais adversas. A rejeição, a fome, os maus tratos e a violência sexual que sofreu quando ainda era menina não diminuíram sua vontade de vencer.

Apesar das muitas tentativas, Maura nunca teve contato com a mãe ou qualquer familiar. A sua lembrança mais remota da infância é a de quando tinha quatro anos e era criada, junto com outras crianças abandonadas, pela moradora de rua que a registrou. Nesse período, dormia embaixo de uma ponte e buscava comida no lixo. Durante o dia, andava pelas feiras públicas, ajudando os feirantes em troca de frutas.

A garota também carregava bolsas de idosas, que a recompensavam com moedas e cuidados. “Esse era o único momento em que eu ganhava comida, roupa limpa e banho”, relembra Maura, de 49 anos.

Até os sete anos, ela dormiu nas casas de diferentes famílias, que ofereciam um teto apenas com a intenção de fazê-la executar serviços domésticos. “Eu era muito doente e, quando chegava a noite, tinha uma tosse absurda. Ouvia as pessoas dizendo para botar ‘aquela porcaria’ na rua porque, além de não servir para limpar a casa, ia dar trabalho”, recorda.

Nessa época, a moradora de rua entregou Maura para a família de um comerciante português de classe média alta, que vivia com a esposa, três filhos e a mãe. Oficialmente, a família não adotou Maura e a mudança, que poderia representar o início de uma boa fase, foi apenas o começo de mais um período de mais humilhações.

Maura dormia em um edredom, ao lado de uma cama vazia, e despertava às 4h, aos gritos de ‘acorda, vagabunda’. Forçada a realizar trabalhos domésticos, era frequentemente espancada. “Esfregavam a panela no meu rosto, se achassem que não estava bem areada. Esfregavam meu cabelo na poeira de um móvel que eles não considerassem limpo. Eu era chamada de rato de esgoto e piranha”, conta.

Educação

A família matriculou a menina em uma escola pública apenas para não macular a imagem da filha do casal, que era assistente social. Entretanto, não comprava materiais escolares nem uniformes para a garota e ainda exigia que a rotina de estudos jamais atrapalhasse os serviços domésticos.

À noite, para se dedicar à leitura – um de seus principais hobbies até hoje – sem chamar a atenção e ser repreendida, Maura esperava todos dormirem, ia até a cozinha, abria a geladeira e aproveitava a iluminação do utensílio doméstico. Por usar roupas e sapatos doados, bem maiores que seu número, ganhou apelidos maldosos na escola como “pé de pato”.

Maura venceu o bullying e até conquistou a admiração dos colegas, tornando-se excelente aluna e comprando seus livros com o dinheiro que juntava da venda de frutas do quintal da família e pulseirinhas que aprendeu a fazer. Mas não estava preparada para uma violência ainda maior, quando começou a ser abusada sexualmente pelo patriarca da família, um senhor de cerca de 65 anos.

O assédio começou quando o comerciante ainda tomava conta de um estabelecimento e obrigava a menina a levar o jantar para ele. Quando o patriarca se aposentou e passou a ficar dias inteiros dentro de casa, a situação piorou bastante.

Aos 10 anos, Maura mudou-se para o Rio Grande do Sul, para acompanhar a filha do casal e o marido, um oficial do exército, que também abusaria da menina sucessivas vezes.

 

Maura criou o Projeto Casamentos Coletivos, que já atendeu mais de 10 mil casais em situação de vulnerabilidade social.

 

Mudanças e conquistas

Três anos depois, o militar foi transferido para o Acre. Maura permaneceu com o casal até os 16 anos, quando conseguiu juntar dinheiro para contratar um advogado e conquistar sua liberdade na Justiça. Nessa mesma época, foi aprovada no concurso para a Assembleia Legislativa, onde redigia textos para os deputados.

Desde então, formou-se em História e destacou-se em diversas atividades, como o ativismo contra a pedofilia, as palestras motivacionais que realizou em todo o País e o lançamento dos livros Menina de Ontem, sobre sua trajetória, 1º Emprego Já e Falando de Amor.

Em 1996, criou o Projeto Casamentos Coletivos, que já atendeu mais de 10 mil casais em situação de vulnerabilidade social, e a ONG Life, voltada a cursos profissionalizantes e projetos sociais que renderam o reconhecimento da ONU. Casada com o empresário Robson Lobo, Maura é mãe de dois filhos: Lucas, de 23 anos, e Gabriel, de 20.

Há cerca de dois anos, lançou a revista Noivas de Verdade, publicação que vai muito além das reportagens sobre bufês e vestidos, com textos sobre autoestima, cuidados com a saúde e combate aos preconceitos. Em janeiro, numa entrevista que realizou com o deputado federal e presidente do PSD do Rio de Janeiro, Indio da Costa, para a seção O Rio em Foco, aceitou o convite do político para ingressar no partido.

“Acompanho a trajetória do Índio desde o começo e o considero uma pessoa que o Rio de Janeiro merece ter como governador. Fui muito bem recebida no PSD”, destaca Maura.

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