BALANÇO

Novo impulso à tecnologia para desenvolvimento sustentável

Gestão Kassab gerou condições para avanço das parcerias com setor privado e promoção da inovação, diz diretor do Instituto Nacional de Tecnologia, Fernando Rizzo

21/01/2019

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Fernando Rizzo destacou a importância do ministro Gilberto Kassab para o crescimento do INT

 

O Instituto Nacional de Tecnologia (INT), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), se transformou nos últimos anos em uma das instituições de excelência no país. Segundo seu diretor, o engenheiro, pesquisador, mestre pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em ciência dos materiais pela Universidade da Flórida, Fernando Cosme Rizzo Assunção, o INT está cumprindo seu objetivo que é gerar tecnologia para o desenvolvimento sustentável do Brasil, transferindo tecnologia para a sociedade e promovendo a inovação.

Em entrevista, Rizzo explica que para alcançar as metas, a direção do Instituto elaborou um novo Plano de Ação que visa a internacionalização, excelência e foco de atuação do órgão. Os frutos já estão sendo colhidos com a aproximação do setor produtivo especialmente em projetos de inovação desenvolvidos em parceria com diferentes indústrias após o credenciamento do INT como uma unidade credenciada junto à a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), outro órgão vinculado ao MCTIC. “Foi o grande propulsor do incremento da relação de maior valor agregado do instituto junto às empresas”, acrescenta o diretor.

Apesar das dificuldades econômicas vividas pelo País e dos impactos nos orçamentos do governo federal e em especial do MCTIC, e a consequente redução dos recursos aos institutos, Fernando Rizzo destaca a importância do ministro Gilberto Kassab para o crescimento do INT. Segundo ele, a avaliação da gestão foi muito positiva, pois Kassab conquistou o respeito e admiração dos dirigentes das unidades de pesquisa do MCTIC. Rizzo menciona ainda o grande salto obtido nos processos de gestão das unidades de pesquisa e do forte impacto no funcionamento orgânico das administrações, com destaque para a implantação do Sistema Eletrônico de Informação (SEI) e da realização do Planejamento Estratégico do MCTIC.

Leia a seguir a íntegra da entrevista com Fernando Rizzo.

O INT é um dos institutos mais antigos do País. O seu trabalho vem alcançando resultados concretos para o cotidiano do brasileiro com atuação voltada para a inovação e o desenvolvimento tecnológico do país. Esse desempenho do INT é crescente nos últimos anos?

Nos últimos 10 anos, o INT experimentou uma curva acentuada de crescimento, até o ano de 2012, impulsionado pelo grande salto da economia nacional e mundial, com crescentes investimentos do setor produtivo na sua infraestrutura laboratorial. A captação realizada na área de petróleo, principalmente da Petrobras – que chegou a alocar R$ 80 milhões – compensou o decrescente investimento público no período, via orçamento ordinário. Soma-se a isso uma completa reformulação do modelo de gestão do INT, trazendo a gestão orientada para resultados, com a implantação do modelo de gestão pela estratégia com um BSC reproduzido num grande Mapa Estratégico. A criação de uma coordenação de negócios e de uma coordenação de inovação, modernas estruturas de gestão voltadas para a apropriação dos bons ventos da economia, deram a inserção que necessitávamos, culminando com a entrada no programa piloto Embrapii, em dezembro de 2011, na área de energia e saúde.

A partir de 2014, com os primeiros sinais de crise econômica e política, houve forte inflexão na estrutura do MCTI, com sucessivas trocas de ministros e de diretrizes nacionais, a captação passou por extrema escassez de projetos, com baixo impacto no Instituto em face de sua carteira acumulada de projetos em andamento, mitigando e postergando os efeitos negativos da crise.

A crise econômica e a consequente redução dos recursos aportados pelo governo federal se acentuaram e a captação externa se reduziu bastante, sendo os efeitos bastante negativos. A moderna infraestrutura laboratorial e a capacitação do corpo funcional sustentaram a produção técnica e científica em niveis razoáveis, mas não houve possibilidade de ampliação da carteira de projetos e serviços tecnológicos.

A partir de 2015, um novo plano de ação foi proposto pela Direção do INT, tendo como diretrizes: internacionalização, excelência e foco de atuação. Durante o biênio 2016/2017, foi revisto o Mapa Estratégico e elaborado o novo Plano Diretor da Unidade (PDU), culminando, em 2018, com um estudo para uma nova Estrutura do Instituto. Os instrumentos de gestão internos, ainda em processo de revisão, diante da nova proposta, estão se ajustando e devem ser consolidados durante o ano de 2019.

Quais foram os resultados da gestão do INT nos últimos anos?

Vou destacar os principais: execução de 369 projetos e serviços tecnológicos para indústrias e outros atores do sistema de inovação brasileiro, submissão de 48 proteções ao INPI pelo Núcleo de Inovação Tecnológica do INT, pedidos de privilégio de patente, protótipos, softwares, modelos de utilidade, desenho industrial, marcas e direitos autorais, protocolados no país e no exterior e pedidos de privilégios perfazendo um total de 213 proteções acumuladas pelo Instituto. No tocante a Serviços Tecnológicos registrou-se o atendimento a 262 empresas com emissão de 1999 relatórios técnicos, sendo 190 novos clientes (empresas pequenas, médias e grandes).

Além disso, foram estabelecidas cooperações com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD/Casa Civil) e a Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado do Rio de Janeiro (OCB/RJ) para certificação orgânica de grupos de agricultores familiares e a oferta de cursos sobre cooperativismo e certificação orgânica.

Teve ainda o estabelecimento de cooperação com o Parque Tecnológico de São José dos Campos para construção do Centro de Manufatura Aditiva para a indústria de produtos para saúde – CMAIPS e cooperação com a Companhia de Desenvolvimento de Maricá – Codemar, visando a implantação de laboratórios para atender a demanda da indústria de óleo e gás.

Em 2018 foi estabelecida cooperação entre o INT e a Rede de Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro – Redetec para implementação de ações de fortalecimento da cultura de empreendedorismo no INT e apoio à prospecção de mercado.

Poderia exemplificar os frutos das pesquisas do INT?

O Instituto Nacional de Tecnologia tem como missão “contribuir para o desenvolvimento tecnológico do Brasil por meio da pesquisa, serviços, transferência do conhecimento e promoção da inovação”.

No cumprimento de sua missão nesse período, destacam-se a realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento, serviços tecnológicos altamente especializados, serviços de avaliação da conformidade de caráter compulsório além de serviços de avaliação como órgão pericial independente para indústrias e outros atores do sistema de inovação brasileiro.

No conjunto de projetos de pesquisa e desenvolvimento, destacam-se aqueles ligados aos estudos de corrosão no ambiente do pré-sal, processos de transformação química a partir de renováveis, síntese e processamento de polímeros, revestimentos biocerâmicos e bioprocessamento de biomassas. Esses projetos permitiram a publicação de 114 artigos em periódicos indexados e 45 depósitos de pedidos de privilégio de invenção. Dentre os últimos, incluem-se aqueles desenvolvidos em parceria com diferentes indústrias por meio de projetos de inovação no âmbito do credenciamento do INT como uma unidade Embrapii.

Nessas atividades de P&D, pode-se destacar a aprovação do projeto intitulado “Rotas biotecnológicas para conversão da semente de açaí em energia e produtos com alto valor agregado” na primeira chamada pública do Instituto Serrapilheira. O projeto foi um dos 65 escolhidos, que tiveram como diferencial serem propostas ousadas e com potencial para o avanço significativo da C&T nacional, colocando o INT no conjunto de instituições de excelência no país.

Com o apoio de projetos financiados pelo CNPq e Faperj, o INT e o Instituto Mangueira do Futuro inauguraram em 2017 o Centro de Estudo do Movimento (Cemov). Este Centro é dedicado ao estudo dos movimentos corporais relacionados à prática dos esportes e também a outros aspectos, como estudos de envelhecimento, acessibilidade e desenvolvimento de novos produtos esportivos, fortalecendo a atuação do INT nessa área de pesquisa.

O INT liderou o grupo de emissões industriais para examinar 11 setores da indústria, recomendando opções para mitigar as emissões poluentes, bem como a elaboração das metas do Brasil na 2ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima – COP 22.

A tradicionalmente expressiva atuação do INT na realização de serviços tecnológicos altamente especializados foi marcada pela sua posição no Sistema Nacional de Nanotecnologia (SisNano) como laboratório estratégico. Nesse contexto, foram conduzidos projetos voltados à análise, em escala nanométrica, da superfície de materiais metálicos em atendimento a empresas do setor de óleo e gás.

No tocante a oferta de serviços do INT, destaca-se a Certificação Orgânica, que desde 2017 tem conferido o selo Produto Orgânico Brasil a produtores orgânicos. Ao longo desse período, também foram estabelecidas cooperações com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD/Casa Civil) e a Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado do Rio de Janeiro (OCB/RJ) para certificação orgânica de grupos agricultores familiares e a oferta de cursos sobre cooperativismo e certificação orgânica.

Dentre as atividades como órgão pericial independente ligadas a avaliações técnicas de produtos e processos destacam-se as caracterizações de insumos na área de bebidas realizado para as maiores empresas do ramo, além de caracterizações de produtos eletrônicos para as lideres desse segmento.

Em 2018, o INT apoiou ainda o Museu Nacional, na reconstrução do acervo por meio dos arquivos virtuais de mais de 300 peças, como por exemplo a Luzia, o fóssil da mulher mais antiga encontrada na América Latina.

Por fim, no contexto da internacionalização, merece registro a oficialização da cooperação com o Bundesanstalt für Materialforschung und-prüfung (BAM), Instituto Federal de Pesquisa e Teste de Materiais da Alemanha. Essa cooperação visa a implantação de projetos nas áreas de caracterização da microestrutura, propriedades mecânicas e degradação de materiais. Esta iniciativa soma-se às demais 14 ações de cooperação internacional do instituto, envolvendo 10 países.

Como é a relação do INT com a iniciativa privada?

O INT se relaciona com o setor produtivo dos mais variados segmentos, visando atender as demandas por projetos de PD&I e serviços tecnológicos, através de prospecções lideradas pela Coordenação de Negócios e por iniciativa dos pesquisadores a partir de parcerias nacionais e internacionais, participações em congressos e seminários no País e no Exterior, participação em comissões técnicas do Inmetro, ABNT, associações de classe, parques tecnológicos e incubadoras.

Destaque deve ser conferido à forte participação junto ao setor produtivo pelos canais ligados a gestão da inovação tecnológica, via ANPEI, FORTEC, CNI, MEI, MCTIC e MDIC, alavancando e disseminando as politicas públicas de apoio a inovação, fortalecimento da competitividade e produtividade do setor produtivo, mecanismos de fomento à inovação e proteção da propriedade intelectual, ambas ações de relevância como objetivos estratégicos do ambiente corporativo, adequação de produtos e processos produtivos de micro, pequenas e médias empresas com vistas ao fortalecimento do sistema de geração de inovação desse seguimento.

A Embrapii, sem dúvida, como maior programa de apoio ao desenvolvimento da P&D voltada à inovação, foi o grande propulsor do incremento da relação de maior valor agregado do instituto junto às empresas. A participação do INT nesse ambiente, resgatada em 2018, após sucessivos ajustes de percurso e de gestão, mostra a retomada de um caminho de sucesso e crescimento.

O MCTIC dá apoio para essa proximidade? De que forma?

O apoio do MCTIC para a aproximação do INT com as empresas se faz nos temas de ação do Ministério que convergem com as competências do INT, por meio de programas e projetos em que ocorre alinhamento das ações do Instituto, principalmente, com a Setec – Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação. Além disso e complementarmente, o apoio se expressa em diversas ações, tais como: reuniões periódicas com os dirigentes das UP’s, descentralização de orçamento para demandas específicas e atendimento às necessidades indispensáveis não suportadas pela LOA, programa de bolsas PCI, cooperação internacional, articulação institucional relacionada a eventos tecnológicos e de popularização da ciência como a Semana Nacional de C&T e SBPC.

Nos últimos anos, o país passou por dificuldades econômicas e fez com que os orçamentos dos institutos diminuíssem. Como o INT reagiu a recursos menores?

Com a escassez de recursos provenientes de cortes orçamentários do governo federal nos anos de 2015, 2016 e 2017, foram intensificadas as prospecções de projetos de PD&I e serviços tecnológicos junto ao setor produtivo, e o INT se manteve com a complementação de recursos obtidos através de projetos e serviços tecnológicos, além das suplementações orçamentárias obtidas junto ao MCTIC. Devido à crise econômica iniciada em 2015, somente em 2018 tivemos a consolidação destas prospecções, com a retomada dos termos de cooperação com a Petrobras e a assinatura de seis projetos no âmbito da Embrapii.

Como o sr. viu a gestão do Ministério que se encerrou no final do ano?

Apesar do deficit orçamentário com que teve início a gestão e da polêmica causada pela fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações, a avaliação final foi muito positiva, conseguindo reverter a desconfiança inicial e conquistando o respeito e admiração dos dirigentes das Unidades de Pesquisa. Para isto muito contribuiu, além dos resultados alcançados, a consideração e o profissionalismo com que as demandas eram tratadas pela DPO e pelas diversas equipes do Ministério. Nos dois últimos anos, o nível de articulação e integração entre o MCTIC e as Unidades de Pesquisa se estreitou bastante, com reuniões mais frequentes, presenciais e por videoconferência, visitas às Unidades de Pesquisa, participação integrada nos eventos, com flexibilidade, entendimento e apoio aos negócios e necessidades das Unidades. No caso do INT, houve uma efetiva cooperação do Ministério nos assuntos relacionados à gestão que alcançam a administração como um todo, tendo o Instituto recebido apoio relevante nas áreas de gestão de pessoas, estratégia, compras, logística, TI, corregedoria, jurídica e governança.

Finalmente, há que se mencionar o grande salto obtido nos processos de gestão das Unidades de Pesquisa e do forte impacto no funcionamento orgânico das administrações, com destaque para a implantação do Sistema Eletrônico de Informação (SEI) e da realização do Planejamento Estratégico do MCTIC.

A gestão anterior do Ministério deu prioridade nas ações da Embrapii com destinação de recursos. Como o INT auxilia a Embrapii no apoio ás cadeias produtivas?

Não houve e não há destinação específica de recursos do Ministério para o INT no programa Embrapii. O que houve, foi alocação de recursos, via contrato de gestão do MCTIC, assim como de outros ministérios, para a Embrapii e por essa via, para as unidades credenciadas, inclusive o INT.

O INT participa do Programa Embrapii desde sua criação em 2011, ainda na fase Piloto, pelo seu perfil de atuação junto ao setor produtivo, na transferência do conhecimento e na promoção da inovação. Atualmente é a única Unidade de Pesquisa do MCTIC credenciada pela Embrapii, dando suporte às empresas no desenvolvimento de produtos e processos inovadores em Tecnologia Química Industrial. De 2014 a 2018, foram realizadas 271 prospecções em empresas e 11 projetos contratados, no valor de R$ 35.264.445,60.

Em que medida a criação da DPO facilitou a gestão dos Institutos? Foi positiva?

A criação da DPO foi bastante positiva para o INT e para as demais Unidades de Pesquisa, proporcionando maior atenção e direcionamento para a atuação das UPs, dando maior celeridade aos processos de negociação, prontidão na solução das demandas e envolvimento nas políticas públicas. Sendo o elo do Ministério com os Institutos, a DPO foi a responsável pela articulação e integração alcançadas entre o MCTIC e as UPs, contribuindo decisivamente para uma avaliação positiva da gestão que se encerrou no final do ano passado.

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