SOCIEDADE

Câmara debate participação de transgêneros no esporte

Presidente da Comissão de Esportes, Fábio Mitidieri (PSD-SE), diz que objetivo “é compreender se há vantagem no desempenho esportivo e abrir um debate totalmente imparcial”

26/06/2019

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A jogadora de vôlei Tiffany foi uma das participantes da roda de debates promovida pela Comissão do Esporte da Câmara

 

Edição: Scriptum

 

A participação de pessoas transgênero no esporte de alto rendimento foi o tema da segunda roda de debates promovida pela Comissão do Esporte (Cespo) da Câmara na terça-feira (25). Especialistas, ex-atletas e profissionais da área médica esportiva debateram em detalhes a possibilidade desses esportistas terem desempenho abaixo ou acima da média quando atuam em ligas profissionais. “O nosso objetivo aqui é único e exclusivamente debater se há alguma vantagem no desempenho esportivo. O intuito é também compreender toda carga emocional que isso acarreta e abrir um debate totalmente imparcial”, explicou o presidente do colegiado, deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE).

Magnus Dias da Silva, médico e professor de endocrinologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembrou que os estudos ainda são inconclusivos na tentativa de afirmar se há ou não desvantagem desportiva na participação de pessoas transgêneras no esporte. “Há o uso de critérios endocrinológicos e construções biológicas que podem afetar a equanimidade. Mas é necessário, antes de excluir essa população do meio esportivo, que tentemos reduzir as diferenças e sejamos inclusivos”, afirmou.

De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), pessoas transgênero precisam se declarar sob o novo gênero (reconhecimento civil) e ter quantidade de testosterona controlada para poder competir. Esse caso é mais comum para mulheres trans que precisam fazer o controle dos hormônios. O nível permitido é de até 10 nanomol de testosterona por litro de sangue nos 12 meses anteriores a qualquer competição.

Presente à audiência pública, a jogadora de vôlei Tiffany disse que cumpre com todas as regras exigidas pelo COI e que não há vantagem desportiva. “Por conta da mudança de gênero, meu corpo tem dificuldade para produzir hormônios. Em testes dentro do meu clube, tenho tido desempenho inferior ao de muitas garotas”, disse.

Tiffany iniciou em 2012 o processo de mudança de gênero fora do Brasil. Passou por duas cirurgias e fez tratamento hormonal para diminuir os índices de testosterona. Em 2017, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) concedeu autorização para que ela voltasse às quadras. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) também liberou sua participação nos campeonatos após exames médicos constatarem que ela atendia as determinações do COI.

A ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel também participou do debate. Ela defendeu maior atenção por parte dos legisladores e disse que é preciso aprofundar os estudos. Voltou a dizer que ainda não há estudos conclusivos sobre o assunto e que, portanto, não se trata de homofobia ou transfobia.

“O pilar mais forte do esporte é a biologia e a identidade social. Não existe Ana Paula versus Tiffany, até porque não sei quantificar o que elas passaram para conquistarem seus espaços. O que nós defendemos, acima de tudo, é o debate e estudos conclusivos a respeito da possível desvantagem que a participação dos transgêneros no esporte de alto rendimento pode ocasionar.”

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