ELEIÇÕES 2022

Cientistas políticos analisam o quadro eleitoral deste ano

Em reunião de consultores do Espaço Democrático, Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt mostram que as intenções de voto estão sedimentadas na disputa pela Presidência, mas ainda podem variar no cenário estadual

18/05/2022

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Os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo

 

Redação Scriptum

 

As mais recentes pesquisas eleitorais mostram cenários diferentes no plano federal e na disputa pelo Governo de São Paulo. A avaliação é dos cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, que fizeram palestras sobre o tema em reunião de consultores do Espaço Democrático – fundação do PSD para estudos e formação política – realizada na terça-feira (17). A diferença, segundo eles, está na convicção dos eleitores sobre suas intenções de voto, muito maior no caso da eleição para presidente da República do que na escolha do governador paulista.

Rubens Figueiredo destacou números dos levantamentos eleitorais das últimas semanas para mostrar que há uma “altíssima” soma de votos espontâneos nos primeiros colocados, com 68% dos eleitores entrevistados pelo Ipespe, por exemplo, declarando espontaneamente que votariam em Lula (39%) ou Bolsonaro (29%). O mesmo fenômeno é observado também na pesquisa estimulada, onde os dois candidatos têm 74% das preferências somadas.

De acordo com Figueiredo, a cristalização de votos, a mais de quatro meses da eleição, é inédita no processo eleitoral brasileiro, assim como o nível de rejeição dos dois principais concorrentes: Bolsonaro (59%) e Lula (43%), também segundo o Ipespe. E o especialista destaca ainda a intensidade da rejeição. “Não é uma rejeição ‘normal’. Um é fascista, psicopata e facínora, enquanto o outro é ladrão comunista e desclassificado”, diz.

 

Tema foi debatido durante reunião de consultores do Espaço Democrático

 

Essa disposição, afirma o cientista político, poderia ser classificada como “rejódio”. Para ele, a opinião, neste ano, vira atitude. Ela é acompanhada com uma predisposição para a ação. É mais parecida com ódio. As bolhas das redes sociais alimentam esse ódio”.

Figueiredo analisou também o quadro econômico e os erros que vêm sendo cometidos pelos dois líderes da corrida eleitoral, a exemplo de frases e atitudes desastradas que afastam eleitores ainda sem candidatos. Em sua opinião, a combinação de inflação, desemprego e baixo crescimento da economia favorecem historicamente a oposição e, dessa forma, há grande chance de os votos se concentrarem mesmo nos dois líderes atuais, com vantagem para Lula.

No Estado de São Paulo, alertou o cientista político Rogério Schmitt, a situação é bastante diferente. Para ele, ao contrário do que ocorre na disputa pela Presidência da República, há possibilidade de grandes mudanças no quadro de preferências apresentado pelos levantamentos recentes. Citou números de pesquisas espontâneas recentes mostrando que até 84% dos entrevistados não sabem em quem votar.

Ele acredita que o pré-candidato do PSDB, atual governador Rodrigo Garcia, deve crescer bastante nos próximos meses, podendo chegar ao segundo turno, embora apresente no momento cerca de 6% das intenções de voto. Já o atual primeiro colocado, Fernando Haddad, apresenta grande rejeição e não tem espaço para crescimento, o que, na visão de Schmitt, ameaça até mesmo sua presença no segundo turno da eleição.

Além de Schmitt e Figueiredo, participaram da reunião de consultores do Espaço Democrático o gestor público e consultor em saúde Januário Montone; o gestor público Júnior Dourado; os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo; o jornalista e coordenador de Comunicação do ED Sérgio Rondino; o sociólogo Tulio Kahn e o superintendente da Fundação Espaço Democrático, João Francisco Apra.

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