ENCONTRO

PSD Mulher debate violência doméstica na pandemia

Evento virtual reuniu lideranças de diversas regiões do País e teve a palestra da filósofa e mestre em Ciências da Comunicação, Jacira Vieira de Melo

16/09/2021

FacebookWhatsAppTwitter

Organizado por Alda Marco Antonio, encontro virtual reuniu militantes de diversas regiões do País.

 

O Brasil ainda não oferece atendimento adequado às mulheres vítimas de agressões, apesar do aumento do número de casos verificado desde o início do período de isolamento social, em março de 2020. Essa foi uma das opiniões emitidas pelos participantes da pesquisa Violência Doméstica contra a Mulher na Pandemia, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e apresentada no encontro virtual promovido pelo PSD Mulher nesta quarta-feira (15). O levantamento foi divulgado pela filósofa e mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Jacira Vieira de Melo, palestrante convidada do evento.

Organizado pela coordenadora nacional do núcleo feminino, Alda Marco Antonio, o encontro teve a mediação da secretária do PSD Mulher Nacional, Ivani Boscolo, e reuniu militantes de diversas regiões do País. “Nosso partido tem um grupo muito rico de militantes e lideranças. Conheço a Jacira desde o início dos anos 1980 e já estivemos juntas em muitas manifestações. Posso dizer que ela contribuiu muito na luta em defesa dos direitos das mulheres”, afirmou Alda.

Realizada em outubro do ano passado, em parceria com o Instituto Locomotiva, a pesquisa Violência Doméstica contra a Mulher na Pandemia teve abrangência nacional e ouviu 1.500 pessoas em entrevistas on-line. Do total de participantes, 1.000 são mulheres. A margem de erro do levantamento é de 2,5%.

Durante a palestra, Jacira destacou estatísticas que mostram a dimensão do problema, a opinião dos brasileiros sobre as maneiras de enfrentá-lo e os obstáculos que ainda precisam ser superados. Entre os entrevistados, 85% disseram que a violência doméstica é o crime que mais preocupa as mulheres; 74% consideram que a violência aumentou muito durante a pandemia; e 75% conhecem alguma mulher que sofreu agressão física ou verbal do parceiro.

Do total de mulheres pesquisadas, 37% revelaram que já foram agredidas fisicamente. Quando os entrevistadores incluíram perguntas sobre outras formas de agressão, 50% responderam que foram vítimas de violência psicológica, patrimonial, sexual, física ou moral. “Estamos falando de uma questão da maior importância, que atinge um número enorme de mulheres em todo o País. A pandemia tem tornado mais difícil para as mulheres o rompimento com os ciclos de violência”, disse Jacira.

Impunidade

Segundo a palestrante, 76% dos entrevistados concordam que muitos policiais não acreditam na seriedade da denúncia e no risco que as mulheres correm. Para 92% dos participantes do levantamento, a violência é praticada porque os agressores têm a certeza de que não serão punidos. “Há uma percepção bem ampla da população de que a violência é inaceitável e as pessoas devem tomar uma providência nessa situação. Porém, as denúncias são desestimuladas pela precariedade dos serviços e a impunidade. O Estado de São Paulo é o que mais tem Delegacias da Mulher, mas sabemos que os espaços estão muito aquém das necessidades”, ressaltou Jacira.

Lideranças

O encontro do núcleo feminino fez parte da programação do projeto Brasil PSD Mulher, voltado à capacitação das participantes por meio da discussão de assuntos de interesse público e palestras com especialistas. Em cada reunião, três lideranças do partido opinam sobre o tema e abordam as peculiaridades de sua região. Nesta edição, participaram três vereadoras: Edir Sales, de São Paulo; Marília Zotareli, do município de Antas, situado no interior da Bahia; e Lucy Andreola, da cidade de Medianeira, localizada no Oeste do Paraná.

Edir falou sobre os projetos de sua autoria que garantiram mais segurança para as mulheres na capital paulista, entre eles o que instituiu a Ronda Maria da Penha e o que estabeleceu a criação do Botão do Pânico, dispositivo que permite às vítimas acionarem a Guarda Civil Metropolitana. “Há um outro projeto meu, que está tramitando na Câmara, sobre abrigos temporários para mulheres que sofrem violência doméstica. Muitas vezes, a mulher tem medo de fazer a denúncia porque tem de voltar para casa.”

Lucy Andreola abordou seu engajamento na criação da Procuradoria da Mulher em Medianeira. “Temos a grande responsabilidade de propor uma legislação que proteja as mulheres e chame mais atenção para esse assunto da violência.”

Marília contou que, mesmo antes de ser parlamentar, já era reconhecida pelo projeto que desenvolveu como médica na Santa Casa de Misericórdia de Antas, município de cerca de 20 mil habitantes do sertão nordestino. Na unidade de saúde, ela criou um sistema para oferecer atendimento médico, assistência social e orientação psicológica às vítimas de agressão.

Desde então, a defesa dos direitos femininos e o combate à violência doméstica no município, onde há somente dois policiais civis e dois militares, tornou-se uma das principais bandeiras de Marília. “Foi o que me fez entrar na vida pública. Virei uma referência para essas mulheres.”

FacebookWhatsAppTwitter

  0 Comentários

FacebookWhatsAppTwitter