SAÚDE

Quase 70% das pessoas creem em notícias falsas sobre vacinas

Pesquisa apresentada na CPI das Fake News, presidida pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA), mostra que 67% da população brasileira acreditam em informações falsas sobre os efeitos das vacinas

19/02/2020

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O presidente da CPI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), foi o autor do requerimento para a audiência sobre o tema.

 

 

“As fake news estão nos deixando doentes”. O alerta foi feito na terça-feira (18), durante depoimento na CPI Mista das Fake News, pelo coordenador de comunicação da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Ricardo Machado. O presidente da CPI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), foi o autor do requerimento para a audiência sobre o tema.

Angelo Coronel destacou a necessidade de que a comissão dedique tanta atenção às fake news na área da saúde quanto dedica ao efeito eleitoral delas. “Sei que aqui só ‘ferve’ quando se fala em política, mas um assunto dessa natureza, que atenta contra a vida das pessoas, não pode ser deixado em segundo plano”, disse.

Na audiência, foi apresentada pesquisa da SBIm, realizada em setembro de 2019, mostrando que 67% da população brasileira acredita em alguma informação falsa sobre a eficácia e os efeitos das vacinas.

Informações falsas são o principal motivo que leva os brasileiros a evitarem a vacinação, acima de fatores como o esquecimento ou mesmo a falta da medicação nos postos de saúde. Segundo o levantamento, mais de 21 milhões de pessoas (13% da população maior de 16 anos) haviam deixado de se vacinar ou de vacinar seus dependentes.

Entre as falsificações mais difundidas estão afirmações de que vacinas causariam autismo, conteriam grandes quantidades de mercúrio, teriam menos eficiência do que produtos naturais ou seriam uma imposição do governo para controlar a população.

A pesquisa foi feita pelo Ibope a pedido da SBIm e ouviu 2.002 pessoas, nas cinco regiões do país, ao longo de quatro dias. Todos os entrevistados eram maiores de 16 anos.

O coordenador de Comunicação da SBIm, Ricardo Machado, explicou que a vacinação não é apenas uma questão de proteção individual. Quem tem problemas no sistema imunológico, por exemplo, não pode tomar vacinas e depende das demais pessoas para não ficar vulnerável. “Buscam-se altas taxas de coberturas vacinais para termos um volume tão grande da população imunizado que a circulação do vírus é reduzida. Isso ajuda a proteger quem não pode se vacinar por algum motivo”.

A pesquisa também apontou que pessoas que obtêm suas informações sobre vacinas e medicina por meio das redes sociais, de conversas com amigos e parentes ou de grupos religiosos ficam mais expostas a conteúdos falsos: 72% dos entrevistados que já receberam mensagens negativas sobre vacinação pelas redes sociais se declararam inseguros quanto à prática, contra 27% dos que nunca receberam.

Machado explicou que a maioria dos conteúdos que circulam no Brasil vem de fora do país, quase sempre dos Estados Unidos, onde a atuação de militantes anti-vacinação é mais forte. Aqui, uma rede de sites e comunidades virtuais atua principalmente como transmissora desses conteúdos, que são traduzidos e divulgados com grande alcance pelas plataformas digitais.

Na avaliação do representante da SBIm, essas plataformas (como Facebook e YouTube) devem ter o direito de retirar do ar conteúdos comprovadamente falsos, com o embasamento da comunidade científica, sem que os responsáveis possam alegar violação da sua liberdade de expressão.

Além disso, o combate digital às fake news da saúde deve incluir um maior repertório de informações corretas no ambiente virtual e interpelações judiciais aos responsáveis por páginas, grupos e perfis que difundem conteúdos falsos. Outra estratégia é a revisão das campanhas oficiais de vacinação, que podem estar falhando em cativar a população. “As imunizações estão sofrendo pelo próprio êxito. Na medida em que doenças críticas foram desaparecendo, o medo delas foi desaparecendo também. Fica fácil esquecer. As ações de comunicação já não comunicam mais com eficiência a importância das vacinas”.

Fonte: Agência Senado

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