AGRICULTURA

Senado debate dependência externa de fertilizantes

Em audiência presidida pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), especialistas dizem que o País continuará dependendo de importações nos próximos anos para manter sua produção agrícola

24/05/2022

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O senador Vanderlan Cardoso presidiu a audiência pública

 

Redação Scriptum com Agência Senado

 

Presidida pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado reuniu na terça-feira (24) especialistas para debater a dependência brasileira de fertilizantes agrícolas importados. Como mostrou o representante do Ministério da Agricultura, Luiz Rangel, a produção agrícola nacional depende hoje de 85% de fertilizantes importados para se viabilizar. E no caso específico do potássio, crucial em todas as culturas agrícolas, a dependência do insumo importado chega a 96%.

De acordo com os dados e projeções apresentados por Rangel, esse quadro de dependência externa deve se manter por um longo tempo: o Plano Nacional de Fertilizantes, apresentado recentemente pelo governo federal, prevê que a dependência de fertilizantes importados diminua para 50% em 2025. “E isso se todas as ações desse plano forem bem-sucedidas”, frisou o senador Vanderlan Cardoso.

Segundo o representante do Ministério da Agricultura, a dependência externa de fertilizantes começou a se tornar mais problemática no ano passado, devido às sanções ocidentais contra Belarus (ou Bielorrússia), país do qual o Brasil estava importando cerca de 19% do que aplicava na produção agrícola.

A situação piorou em 2022 a partir das sanções contra a Rússia, que responde por aproximadamente 23% das importações brasileiras de fertilizantes. As sanções têm contribuído também para a explosão dos custos de importação. Segundo Luiz Rangel, na prática o Brasil não consegue mais importar de Belarus, e as importações da Rússia ainda não foram afetadas, mas a entrega está bem mais lenta.

Para vários participantes do debate, essa dependência explicita erros cometidos nas últimas décadas pelo Brasil. O ex-consultor legislativo da Câmara, Paulo César Ribeiro Lima, por exemplo, criticou a gestão recente da Petrobras. Ele disse que os lucros que a empresa obtém com a política de preços de importação e a venda de ativos não se tornam investimentos estruturais no país. “Só no primeiro trimestre de 2022 o lucro foi de R$ 44,5 bilhões, e de dividendos distribuíram R$ 48 bilhões. É transferência de ativo, de renda. Você vende e ainda entrega para acionista estrangeiro. E a Petrobras não investe”, afirmou, defendendo a ideia de que esse lucro deveria ser aplicado em unidades de produção de fertilizantes.

Representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Castellano defendeu que a Petrobras retome a produção de fertilizantes no Paraná, em Mato Grosso e em Sergipe, que hoje está paralisada. E Marcus Sidoruk, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) também argumentou que o Brasil deveria priorizar a superação da dependência externa.

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