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ECONOMIA

Afif quer acelerar chegada de recursos às pequenas empresas

Guilherme Afif, do Ministério da Economia, diz que Caixa poderá usar empresas de maquininhas de cartões para entregar mais rápido às microempresas o dinheiro do crédito emergencial

21 de maio de 2020

“Vamos bolar esse conceito de conta digital (com os clientes das maquininhas) para não ter burocracia”, informou Guilherme Afif. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Para acelerar a chegada de recursos emergenciais às pequenas e microempresas, a Caixa Econômica Federal fará parceria com as empresas de maquininhas de cartões. A informação é do assessor especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif Domingos, a ideia é que o crédito chegue aos empreendedores na forma de contas digitais, com a ajuda das maquininhas.

O segmento é um dos mais afetados pela pandemia da covid-19 e, segundo Afif, como os bancos “não tem cacoete” para emprestar para as empresas pequenas, a Caixa vai entrar em campo com contas digitais, como já está sendo feito com o auxílio emergencial de R$ 600 para os trabalhadores informais e população de baixa renda. “Vamos bolar esse conceito de conta digital (com os clientes das maquininhas) para não ter burocracia”, informou Afif.

A lei que cria o programa de crédito, batizado de Pronampe, foi sancionada nesta semana e permite que um fundo público dê garantia para a cobertura 85% do financiamento. A expectativa do Ministério da Economia é o programa inicie suas operações nos próximos dias.

Guilherme Afif explica que uma Medida Provisória autoriza o Tesouro a depositar R$ 15,5 bilhões no Fundo de Garantias de Operações (FGO), para dar suporte ao programa. Este fundo privado foi criado em 2009 e é administrado pelo Banco do Brasil.

O regulamento do fundo está pronto, mas ainda será necessária uma aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão que reúne o ministro da Economia, Paulo Guedes, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“O diferencial desse projeto é o fundo garantidor cobrindo 85% do risco”, disse Afif, ressaltando que a cobertura, em tese, dá tranquilidade para os bancos operarem. A falta de garantia, disse, emperra o acesso das micro e pequenas empresas ao crédito. “Mas como eu não confio muito nos bancos, a Caixa vai entrar em campo para dar exemplo. Esse é o trato nosso. A Caixa vai ser o banco social”, disse.

Ex-presidente do Sebrae, Afif lembra que o universo dos pequenos é complicado porque nem os governos e nem os bancos conhecem bem esse segmento empresarial. “Quem conhece é o pessoal das maquininhas”, ressaltou. Afif informou que a proposta em discussão é que os recebíveis das maquininhas poderão entrar como garantia suplementar do crédito por meio de convênio com o banco. Os recebíveis serão usados para quitar a parcela do crédito.

Para o assessor do Ministério da Economia, o interesse das empresas das maquininhas é manter o cliente vivo via a garantia do financiamento do capital de giro. Ele explicou que a Secretaria de Política Econômica (SPE) tinha uma proposta de crédito direto para as maquininhas, mas o uso do fundo garantidor exige que haja uma instituição financeira.

O Pronampe é destinado a microempresas com faturamento de até R$ 360 mil por ano e pequenas empresas com faturamento anual de R$ 360 mil a R$ 4,8 milhões. Para novas companhias, com menos de um ano de funcionamento, o limite do empréstimo será de até metade do capital social ou de 30% da média do faturamento mensal.

O valor poderá ser dividido em até 36 parcelas. A taxa de juros anual máxima será igual à taxa Selic (atualmente em 3% ao ano), acrescida de 1,25%.

As micro e pequenas empresas poderão usar os recursos obtidos para investimentos, para pagar salário dos funcionários ou para o capital de giro, com despesas como água, luz, aluguel, reposição de estoque, entre outras. O projeto proíbe o uso dos recursos para distribuição de lucros e dividendos entre os sócios do negócio.

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