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LEGISLAÇÃO

Câmara debate autonomia para órgão que sucedeu Coaf

Na comissão mista que analisa a MP 893/19, que tem como relator o deputado Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR), especialistas insistiram na independência do novo órgão, a UIF

02 de out de 2019 · #reinholdstephanesjunior

Deputado federal Reinhold Stephanes Junior (o segundo, da esquerda para a direita) ainda pretende acolher sugestões, em especial sobre a composição do conselho da UIF

Edição: Scriptum

Setenta emendas à Medida Provisória 893/19, que transformou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na Unidade de Inteligência Financeira (UIF) e colocou a entidade no âmbito do Banco Central (BC), já foram apresentadas por integrantes da comissão mista criada pelo Congresso para analisar a iniciativa. A informação é do relator do colegiado, deputado Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR), que ainda pretende acolher sugestões, em especial sobre a composição do conselho da UIF.

Em audiência pública realizada nesta terça-feira (1º), a comissão mista ouviu especialistas e representante da Federação dos Bancos. Os participantes defenderam que o Estado deve garantir autonomia operacional, financeira e política para a UIF.

O advogado Pierpaolo Cruz Bottini, por exemplo, afirmou que a UIF não deve ficar subordinada ao BC. Ele criticou o texto da MP por, em seu entender, não garantir autonomia financeira e orçamentária ao novo Coaf. Sugeriu que os parlamentares alterem a medida para que sejam estipulados mandatos para os conselheiros da UIF e criticou o texto do Executivo por permitir que pessoas fora do serviço público sejam indicadas para a entidade.

Para o advogado, a participação de pessoas do setor privado pode prejudicar a autonomia e a capacidade técnica do órgão, além de causar insegurança jurídica. Bottini disse ainda que o antigo Coaf só podia ter conselheiros que fossem servidores públicos efetivos ligados a órgãos como Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Receita Federal, Ministério da Justiça e outros. Para ele, ao tirar essa obrigação, a MP poderá prejudicar a heterogeneidade do órgão, que depende de pessoal especializado em diversas áreas.

O economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, afirmou que “o pior lugar da UIF é dentro do Banco Central”. Ele entende que a atividade da UIF é “extremamente especializada” e precisa ser composta por pessoas independentes. Ele defendeu que a UIF tem que ter autonomia operacional e administrativa e ser independente tanto da política quanto do mercado financeiro. O economista também criticou a MP por ela determinar que é o presidente do BC quem nomeará os conselheiros da UIF.

Segundo ele, “temos que aperfeiçoar o Banco Central e aperfeiçoar o Coaf, não misturar os dois. Passar a UIF para o BC é um erro enorme, gigantesco. Horizontes políticos são mais curtos que os horizontes econômicos, é preciso ter independência política e independência do mercado”.

Por sua vez, o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, afirmou que os bancos brasileiros vão continuar colaborando com o Coaf ou com a UIF, “esteja onde estiver”. Ele defendeu que o órgão, esteja ele no âmbito de ministério ou do BC, deve ser fortalecido para garantir sua independência operacional, sua capacidade de requerer informações e sua autonomia para enviar relatórios, além de recursos suficientes para seu bom funcionamento. “O trabalho é notável, mas há necessidade de fortalecimento deste órgão. Onde ele estiver, ele deve ser fortalecido”, disse o economista.

De acordo com Sardenberg, há unidades de inteligência financeira em diversos países, umas independentes, outras ligadas a ministérios (geralmente Fazenda ou Economia) e algumas dentro de bancos centrais.

O senador José Serra (PSDB-SP), presidente da comissão mista, disse que a maioria das unidades de inteligência financeira do mundo estão vinculadas a ministérios da Fazenda ou da Economia. O senador lembrou que o Congresso Nacional tem o poder de alterar medidas provisórias editadas pelo Poder Executivo e pode, inclusive, rejeitar a ida da UIF para o BC.

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