Roberto Campos Neto e o senador Omar Aziz
Edição: Scriptum
Presidida pelo senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou nesta terça-feira (26) a indicação de Roberto de Oliveira Campos Neto para a presidência do Banco Central. Também foram aprovados os nomes de dois diretores da instituição: Bruno Serra Fernandes e João Manoel Pinho de Mello. Todos receberam 26 votos favoráveis e nenhum contrário. Os nomes dos três serão analisados agora pelo Plenário do Senado em regime de urgência.
O senador Omar Aziz lembrou que a cada seis meses o presidente do BC vai à comissão para prestar contas do trabalho da instituição. E o mesmo ocorrerá com Roberto Campos Neto.
Durante a sabatina realizada na Comissão, Campos Neto defendeu um arranjo da política monetária que dependa menos das pessoas e mais de regras, e o Brasil, segundo ele, já está maduro para que isso ocorra. “Em 1999, quando se começou a adoção de um sistema de metas no mundo, a ideia era da independência. Basicamente, hoje o Brasil virou uma jabuticaba, pois tem um sistema de metas comparável aos outros países, mas não tem uma independência. A independência vai nos colocar ao lado de nossos pares no sentido de melhores práticas. Isso vai baratear o custo do crédito e facilitar a entrada do Brasil em organismos internacionais. Além disso, é uma prática de mercado bastante elaborada em todo o mundo”, disse.
Campos Neto lembrou ainda que a autonomia operacional a ser dada ao BC é para seguir as metas dadas e não para elaborá-las, tarefa que cabe ao Conselho Monetário Nacional (CMN): “A autonomia é importante porque, toda vez que existe um risco em qualquer atividade, a pessoa coloca no preço aquele risco. Portanto, se existir um risco de o Banco Central não seguir sua missão, que é controlar preços e dar estabilidade ao sistema financeiro, quem está olhando de fora vai colocar no preço a probabilidade de haver uma ruptura. Numa linguagem popular, a autonomia vai permitir que, com a mesma inflação, o juro seja mais baixo, pois o componente de risco vai ser removido”, explicou.
Campos Neto lembrou ainda que, se aprovada no Congresso, “a mudança trará ganhos para a credibilidade da instituição e para a potência da política monetária, reduzindo o trade-off de curto prazo entre inflação e atividade econômica e contribuindo para a queda das taxas de juros e o crescimento econômico”.
Ao deixar clara sua opção pelo liberalismo, Roberto Campos Neto afirmou que o Estado tornou-se grande demais, ineficiente, custoso e incapaz de atender as necessidades básicas da população. “A nação já percebe a necessidade de reformas e temos que aproveitar a oportunidade na criação de uma cultura em que haja mais empreendedores e menos atravessadores […] O Estado deve abrir espaço para atividade privada, saindo de cena ou reduzindo drasticamente sua atuação em diversas áreas. O Brasil precisa se reinventar para seu futuro, e os atores dessa reinvenção estão no setor privado”, afirmou.
Neto de Roberto Campos, que foi ministro do Planejamento durante o governo de Castelo Branco, o futuro presidente do BC nasceu em 1969 e formou-se em Economia em 1993 na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Dois anos depois, concluiu o mestrado na mesma instituição. Tem trajetória no sistema financeiro, especialmente no banco Santander. Entre 2010 e 2018, foi membro do Conselho Executivo do Santander Investment. Ele vai substituir o atual comandante do BC, Ilan Goldfajn.