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CPI da Pandemia ouve o ex-governador do Rio de Janeiro

Na comissão presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), Wilson Witzel disse que o governo federal criou uma narrativa para fragilizar os governadores por terem tomado medidas restritivas contra a covid-19

16 de jun de 2021

O presidente da comissão, senador Omar Aziz (no centro), acompanha o depoimento de Witzel (à esquerda)

Presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), a CPI da Pandemia ouviu na quarta-feira (16) o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Protegido por um habeas corpus, Witzel depôs no colegiado durante cerca de 4 horas e 30 minutos e nem todos os senadores presentes puderam fazer perguntas. O depoimento foi encerrado, a seu pedido, após uma discussão entre ele e o senador Eduardo Girão. Durante o depoimento, Witzel insinuou que o presidente Jair Bolsonaro seria o responsável pelas mais de 450 mil mortes por covid-19.

O governador cassado disse também que o governo federal criou uma narrativa para fragilizar os governadores por terem tomado medidas restritivas. “Como é que você tem um país em que o presidente da República não dialoga com um governador de Estado? E o presidente deixou os governadores à mercê da desgraça que viria. O único responsável pelos 450 mil mortos que estão aí tem nome, endereço e tem que ser responsabilizado aqui, no Tribunal Penal Internacional, pelos fatos que praticou”, afirmou.

Witzel acusou o governo federal de agir de caso pensado para deixar governos estaduais em situação de vulnerabilidade, sem condições de comprar insumos e respiradores. “Os governos estaduais ficariam em situação de fragilidade, porque não teriam condições de comprar os insumos, respiradores e, inclusive, atender os seus pacientes no Sistema Único de Saúde, que, embora seja um excelente sistema para um país como o nosso, tem dificuldades. Como é que eu vou requisitar ao governo da China receber respirador? Isso é uma negociação internacional, e não foi feita”, assinalou Witzel.

O intuito do Executivo, disse o ex-governador fluminense, foi se livrar das consequências econômicas da pandemia. “A narrativa que foi criada foi a narrativa de que ‘os governadores vão destruir os empregos’, porque sabia o senhor presidente da República que o isolamento social traria consequências graves à economia”.

Segundo Witzel, os governadores tentaram se reunir diversas vezes com o presidente para planejar uma ação conjunta durante a pandemia de covid-19, mas ficaram desamparados. Ele afirmou que o governo federal politizou a pandemia. “Os governadores, prefeitos de grandes capitais, prefeitos de pequenas cidades, ficaram totalmente desamparados do apoio do governo federal. Isso é uma realidade inequívoca, que está documentada em várias cartas que nós encaminhamos ao presidente da República. Nas poucas reuniões (salvo engano foram duas reuniões que nós tivemos com o presidente), foram reuniões em que o que se percebeu foi a politização da pandemia, o governador Doria foi frontalmente atacado”, apontou.

Com base no habeas corpus, Witzel pediu para se retirar após sua declaração inicial e depois de responder ao relator Renan Calheiros (MDB-AL) e a alguns dos senadores inscritos. Durante questionamentos de Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre investigações de superfaturamento enquanto Witzel foi governador do Rio de Janeiro, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), comunicou o encerramento do depoimento a pedido do depoente.

Fonte: Agência Senado

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