O senador Omar Aziz: “Essa CPI tem que fazer Justiça a milhares de órfãos que a Covid está deixando”
Sob a presidência do senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, a CPI da Pandemia se reúne nesta quinta-feira (29) para analisar o plano de trabalho que deve ser proposto pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Para Aziz, não se “permite fazer política” numa comissão quando o país se aproxima de 400 mil mortos pelo coronavírus.
Segundo ele, “não dá para discutir questões políticas em cima de quase 400 mil mortos. Eu não me permito fazer isso. Eu não me permito porque infelizmente eu perdi um irmão há 50 dias. Eu não viria a uma CPI dessa querendo puxar para um lado ou outro. Não haverá prejulgamento da minha parte.”
Aziz pregou que os trabalhos sejam “transparentes e técnicos”, afirmou que o governo quer colaborar com a comissão e ainda disse que o colegiado não é “para se vingar” de ninguém. “Essa CPI não pode servir para se vingar de absolutamente ninguém. Essa CPI tem que fazer Justiça a milhares de órfãos que a Covid está deixando”, avaliou.
Aziz ressaltou que não se pode ter lado nem proteger quem tenha se equivocado no combate à Covid. “Não podemos proteger ninguém que falhou ou errou em nome de mais de 400 mil óbitos. E daqui a 60 dias chegaremos a meio milhão de mortes pela Covid”, disse. “Ninguém de nós conseguirá fazer milagre, mas podemos dar um norte ao tratamento e ter um protocolo nacional. Descobrir coisas que deixaram de ser feitas e por quem deixou de se fazer, seja ele ministro, assessor, governador ou prefeito desse país”, ressaltou.
Investigações
Na reunião de terça-feira (27), o senador Renan Calheiros antecipou alguns encaminhamentos que pretende sugerir para as investigações. Renan defende, por exemplo, a convocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e dos três antecessores: Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta.
Até a manhã de quarta-feira (28), a CPI da Pandemia havia recebido 173 requerimentos — 58 deles para a convocação de testemunhas. Além dos quatro ministros da Saúde que atuaram durante a pandemia de coronavírus, há requerimentos para a convocação de outros três auxiliares do presidente Jair Bolsonaro: Paulo Guedes (Economia), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União).
Se os requerimentos forem aprovados, Paulo Guedes deve ser ouvido sobre o auxílio emergencial e outras medidas econômicas de contenção da pandemia. Marcos Pontes será chamado a falar sobre o desenvolvimento de vacinas contra a covid-19, enquanto Wagner Rosário deve depor sobre o eventual desvio de recursos transferidos pela União para estados e municípios.
O suposto desvio de recursos repassados pela União a Estados e municípios é tema de uma série de requerimentos de convocação e pedidos de informação. Os senadores sugerem a oitiva do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino. Se o requerimento for aprovado, ele deve expor detalhes de 76 operações realizadas para investigar desvios de R$ 2,1 bilhões em contratos firmados por estados e municípios no enfrentamento à pandemia.