A pandemia do coronavírus deixará, no Brasil, dois cenários contraditórios: o sistema de saúde sairá fortalecido, mas a rede privada de hospitais ficará financeiramente bastante enfraquecida. A convicção é do médico nefrologista Yussif Ali Mere Jr, presidente da Federação e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP e SINDHOSP), em entrevista para o programa “Diálogos no Espaço Democrático”, da TV da fundação do PSD.
Para Mere Jr., o coronavírus permitiu que os envolvidos nos setores público e privado de saúde discutissem, por exemplo, como o atendimento em UTIs possa ser melhor distribuído no País. “O próprio ex-ministro Luiz Henrique Mandetta falou sobre a ideia de criação dos distritos sanitários no Brasil”, lembrou. “Mas os hospitais privados sairão da crise com muitas dificuldades financeiras”, disse. “A ociosidade no interior de São Paulo, por exemplo, é de 60% e as clínicas e laboratórios estão às moscas”.
Entrevistado por Januario Montone, ex-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde) e ex-secretário municipal de Saúde de São Paulo, Helio Michelini Pellaes Neto, empresário na área da saúde, e o jornalista Sérgio Rondino, Mere Jr. comentou também a dependência brasileira de equipamentos estratégicos, como máscaras e respiradores.
Esta é a quinta entrevista da série “Diálogos no Espaço Democrático” – todas elas feitas por meio do uso de ferramentas de conferência remota – para tratar de temas relacionados ao coronavírus. O sociólogo Tulio Kahn falou sobre os modelos matemáticos utilizados para avaliar o avanço da contaminação no Brasil; o professor Marcus Vinicius de Freitas abordou o multilateralismo e a globalização após a pandemia; o cientista político Rogério Schmitt falou sobre as dificuldades do federalismo brasileiro; e o economista José Roberto Afonso fez uma análise do mercado informal de trabalho.
As entrevistas podem ser vistas aqui.