O ex-ministro Nelson Teich e o senador Omar Aziz
O senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, conduziu na quarta-feira (5) a reunião da CPI da Pandemia convocada para ouvir o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich. Em sessão marcada por embates entre parlamentares governistas e de oposição, Omar Aziz teve, por exemplo, que mediar questões como a participação da bancada feminina na CPI. Sem vaga formal no colegiado, as senadoras têm se revezado para fazer perguntas, mas senadores governistas se queixaram alegando que não há previsão para essa concessão no Regimento Interno do Senado. A CPI tem 11 titulares e 7 suplentes, mas não tem nenhuma senadora.
Ao encerrar a reunião, no período da tarde, Omar Aziz prometeu colocar em votação nesta quinta-feira (6) todos os requerimentos de informação apresentados à comissão. Na reunião da quarta, foram aprovados requerimentos que convocam para depor o ex-chanceler Ernesto Araújo, o ex-porta-voz da Presidência Fábio Wajgarten e os presidentes do Butantan, Fiocruz e União Química.
Por sua vez, no começo da reunião, o senador Otto Alencar (PSD-BA) pediu que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apresente a comprovação de que os assessores com quem teve contato estão, de fato, com covid-19. O ex-ministro tinha depoimento marcado na CPI, mas avisou que não compareceria porque teve contato com pessoas contaminadas pelo coronavírus.
Otto Alencar disse que confiava na palavra de Pazuello e também do comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que foi quem comunicou o presidente da CPI, Omar Aziz (PP-AM), da ausência. “Eu não quero, de maneira nenhuma, deixar de acreditar nisso. Eu acredito piamente. No entanto, por se tratar de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a verdade tem que ser plenamente dita na sua essência, se por acaso o próprio ex-ministro que virá no dia 19, desejar, pode trazer a confirmação dos testes que foram feitos porque dá um conforto maior ainda ao próprio general”, disse.
Em seu depoimento, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse que deixou o governo por ter percebido que não teria autonomia para conduzir a pasta. Ele afirmou que não sabia da produção de cloroquina pelo Exército e que sua orientação sempre foi contrária ao uso desse e de outros medicamentos sem comprovação científica no enfrentamento da crise sanitária.
Segundo Teich, que ficou menos de um mês no cargo, “existia um entendimento diferente pelo presidente” Jair Bolsonaro, fato que motivou sua saída do comando da pasta. “Esse era o problema pontual, mas isso refletia falta de autonomia”, disse Teich.
O ex-ministro afirmou que nunca foi consultado sobre a produção e distribuição de cloroquina, mas não descartou que possa ter ocorrido, mas “nunca sob minha orientação”, apontou. O ex-ministro, que é médico oncologista, reforçou que seu posicionamento se estende a outros medicamentos sem comprovação e ressaltou que a cloroquina tem efeitos colaterais.