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DEBATE

‘Neopopulismo é inimigo da democracia liberal’

"O fascínio do neopopulismo" foi o tema da palestra do coordenador nacional de Relações Institucionais do Espaço Democrático, Vilmar Rocha, em mais um Encontro Democrático.

24 de out de 2019

Vilmar Rocha: “O populismo não tem conteúdo ideológico. É uma estratégia política para chegar ao poder e se manter no poder.”

Edição: Scriptum

Os líderes populistas não pertencem exclusivamente a uma corrente ideológica e representam uma ameaça à democracia em função do desprezo que têm pelas leis, pelas instituições e pela imprensa. A afirmação é do coordenador de Relações Institucionais do Espaço Democrático, Vilmar Rocha, que fez palestra sobre O Fascínio do Neopopulismo nesta quinta-feira (24) no Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD.

Coordenado pelo jornalista Sérgio Rondino, o novo “Encontro Democrático” teve transmissão on-line e contou com a participação da cientista política Juliana Fratini e do ex-senador e ex-governador de Santa Catarina Jorge Bornhausen. Outras lideranças do partido participaram, como o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República e pré-candidato da legenda à Prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo, e a coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio.

Autor de livro homônimo à palestra, Vilmar apresentou um histórico do populismo na América Latina, desde a década de 1950, período marcado por líderes como o brasileiro Getúlio Vargas e o argentino Juan Domingo Perón, até o ápice do que ele chamou de “neopopulismo de esquerda”, no início dos anos 2000. Atualmente, segundo Vilmar, o fenômeno pode ser verificado em escala mundial. “O populismo não tem conteúdo ideológico. É uma estratégia política para chegar ao poder e se manter no poder. Então, ele pode ser de esquerda ou direita”, explicou Vilmar, ex-deputado estadual e federal pelo Estado de Goiás.

Ele mencionou traços populistas em líderes pertencentes a espectros políticos distintos, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o da Venezuela, Nicolás Maduro, o das Filipinas, Rodrigo Duterte, e o da Turquia, Recep Erdoğan.

Diferenças

Para Vilmar, o populismo apresenta características atemporais, como a exaltação ao líder carismático, o “salvador da pátria” que irá resolver todos os problemas da população; a demagogia; a capacidade de manipular versões dos fatos; o ódio de classes e a utilização dos recursos públicos de maneira irresponsável. No entanto, os populistas contemporâneos, principalmente os de direita e com viés autoritário, aproveitam-se do medo das pessoas em relação ao futuro e a frustração com as crises econômicas, além de contarem com a internet para atingirem as massas e manipularem os fatos de maneira mais eficaz.

Juliana Fratini: insatisfação das pessoas com os governantes também fortaleceu o populismo nos últimos anos

“Antes, os líderes controlavam as informações, a imprensa. Hoje existem as redes sociais e as fake news. O que estamos vendo é um novo ciclo de governos autoritários de direita, que ampliaram a crise da democracia liberal, a ordem estabelecida após a Segunda Guerra Mundial. A democracia liberal está sob ameaça e temos que ficar espertos”, frisou Vilmar, que citou e recomendou livros sobre o tema, como Fascismo: um alerta, de Madeleine Albright.

A cientista política Juliana Fratini ponderou “que o populismo é um problema inerente às democracias liberais, em que existe uma competição de forças, atores, interesses e grupos que buscam capturar a atenção das pessoas por intermédio de figuras carismáticas.

Juliana frisou que a insatisfação das pessoas com os governantes também fortaleceu o populismo nos últimos anos. “A gente vem de uma crise do Estado de bem-estar social. As instituições democráticas e liberais não conseguiram dar conta de todos os anseios da sociedade, não conseguiram acabar com o problema da pobreza, não conseguiram dar educação a todos. Não estou falando apenas de América Latina, mas do mundo todo.”

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