O economista Marcos Lisboa fala ao lado de Roberto Macedo, Gilberto Kassab e Vilmar Rocha
Edição: Scriptum
O que deu errado com o Brasil nos últimos 25 anos? A pergunta é do economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, e foi feita durante sua palestra no Encontro Democrático promovido nesta quinta-feira (25) na sede do Espaço Democrático – a fundação do PSD para estudos e formação política –, em São Paulo. Em um duro diagnóstico, ele apresentou números demonstrando que, nas últimas décadas, o País ficou para trás em relação aos demais países e apontou as razões desse atraso, que, em sua opinião, incluem má qualidade da educação, regras e instituições deficientes e péssima infraestrutura.
A palestra de Lisboa teve a presença de lideranças do partido como o presidente nacional, Gilberto Kassab; o coordenador de relações institucionais do Espaço Democrático, Vilmar Rocha; a coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio; o coordenador do PSD Movimentos, Ricardo Patah (presidente da UGT); o ex-ministro das Comunicações Andrea Matarazzo; e o vereador paulistano Rodrigo Goulart, além de prefeitos e vereadores de cidades do interior.
O debate – transmitido ao vivo pelo Facebook (assista aqui) – foi coordenado pelo jornalista Sérgio Rondino e teve a participação de consultores do Espaço Democrático, como os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado. Os Encontros Democráticos são realizados periodicamente para discutir temas de interesse da sociedade brasileira e gerar conteúdo para ajudar a orientar a atuação dos representantes do PSD em diversas instâncias de governo. Os debates são publicados na forma de cadernos, disponíveis no site e impressos.
Marcos Lisboa é Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia e presidente do Insper, instituição de ensino superior e pesquisa reconhecida como referência em administração, economia, direito e engenharia. De 2009 a 2013 foi vice-presidente do Itaú Unibanco, onde exerceu a função de diretor-executivo entre 2006 a 2009. Presidiu o Instituto de Resseguros do Brasil de 2005 a 2006 e foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda de 2003 a 2005. Lisboa professor-assistente de economia na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas entre 1998 e 2002 e, anteriormente, de 1996 a 1998, professor-assistente de Economia no Departamento de Economia da Universidade de Stanford.
Em sua palestra, o economista ressaltou que o País está empobrecendo e que, nos próximos anos, sua economia tende a ficar menor que a de outros países latino-americanos, que vêm apresentando resultados mais positivos. Para ele, o retrocesso econômico se deve também a questões como o “aumento impressionante” dos gastos públicos observado nas últimas décadas. Segundo disse, os contribuintes pagam hoje o dobro do que pagavam para sustentar o governo há alguns anos.
“Perdemos o bonde em 2010 e de lá para cá o Brasil só está caindo em relação ao resto do mundo”, alertou Lisboa, destacando que a correção de rumo passa por reformas profundas em áreas como a educação – “as escolas precisam ter foco e metas, ensinando o que é realmente necessário e não tendo 14 ou 15 matérias no currículo” – e a infraestrutura – “hoje travada por regras complexas que impedem o avanço”.
Marcos Lisboa também apontou como uma das causas do retrocesso a existência de instituições e regras complexas, a exemplo do sistema tributário “caótico”. Ele defendeu ainda a ideia de que o País precisa buscar as melhores maneiras de aplicar os poucos recursos que tem. “Quando optamos por fazer navios no país, não investimos em estradas e o transporte por navio fica mais caro, porque não temos escala nem expertise para fazer navios no Brasil”.
O economista encerrou sua palestra afirmando não ser um pessimista. “Se fosse, não estaria aqui fazendo o que faço. Meu papel é apresentar o problema, não vender ilusão, mas ajudar o País a ser diferente”.