Senador Otto Alencar acha que será possível uma tramitação rápida da reforma no Senado após a criação de uma comissão para acompanhar o texto
Edição: Scriptum
Em entrevista publicada no site da revista Veja (íntegra aqui), o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), diz que a retirada de três itens da reforma da Previdência poderá facilitar a aprovação da matéria na Casa. O senador baiano vai presidir a comissão especial que analisará o texto no Senado e afirma que a maior resistência dos parlamentares é em relação às propostas de alteração no Benefício de Prestação Continuada (BPC), na aposentadoria rural e na criação do regime de capitalização.
O PSD é a segunda maior bancada do Senado, com nove parlamentares. “Nós vamos encaminhar contra a capitalização. Não posso crer que trabalhadores, que tenham ganho menor, possam capitalizar”, avalia.
Otto Alencar acha que será possível uma tramitação rápida da reforma no Senado após a criação de uma comissão para acompanhar o texto. “O que nós pensamos é que, acompanhando e trazendo aquilo que vai ser aprovado lá na Câmara, nós temos as condições de analisar com mais conhecimento. E, talvez, dará um andamento no Senado mais célere, porque tendo conhecimento e já sabendo o que tramitou na Câmara, nós temos condições de andar mais rápido”, afirmou.
Veja a seguir os principais trechos da entrevista de Alencar à Veja:
O senhor será presidente da comissão para acompanhar a reforma da Previdência. Com o colegiado, serão abreviadas etapas na tramitação do texto quando este chegar ao Senado?
Essa comissão vai acompanhar o andamento dos trabalhos lá na Câmara dos Deputados. Não só os membros da comissão, mas todos os senadores podem participar. O que nós pensamos é que, acompanhando e trazendo aquilo que vai ser aprovado lá na Câmara, nós temos as condições de analisar com mais conhecimento. E, talvez, dará um andamento no Senado mais célere, porque tendo conhecimento e já sabendo o que tramitou na Câmara, nós temos condições de andar mais rápido. Foi essa a ideia que teve o presidente David Alcolumbre.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que quer obter, com a reforma da Previdência, 1 trilhão de reais. Ele vai conseguir?
Esse é o desejo do ministro da Economia, mas o que ele pensa nem sempre vai ser aquilo que será aprovado nas duas Casas. É uma opinião dele. Mas pode ser que aquilo que ele deseja que seja aprovado tenha modificações na Câmara e no Senado Federal. E, talvez, não alcance esse valor que ele coloca como desejo e ponto importante.
Mesmo não alcançando o valor, a reforma trará uma economia importante?
Sem dúvida. Mesmo retirando o BPC, a aposentadoria rural. A capitalização não deu certo no Chile e em outros países também aconteceu de forma negativa. Portanto, essa é uma experiência que precisa ser observada aqui. E nós vamos encaminhar contra a capitalização. Não posso crer que trabalhadores, que tenham ganho menor, possam capitalizar. Acho muito difícil. Talvez tenha que estabelecer um piso salarial a ser negociado na Câmara.
Até o momento, o governo não conseguiu montar uma base aliada formal. É possível governar sem uma adesão formal dos partidos?
Não sei na Câmara, mas no Senado eu vejo que há uma maioria que dará apoio ao governo, embora não se considere da base. O PSD mesmo não é da base do governo, mas algumas teses do governo, o partido vai apoiar e aprovar.
Por que PSD não faz parte da base?
Porque o partido decidiu se colocar como independente do governo Bolsonaro. Não existe unanimidade dentro da bancada, que resolveu ter independência para atuar. Não há necessidade ficar na base do governo.
Como o senhor observa os conflitos entre o presidente e o Congresso?
O governo tem tido movimentos muito inconstantes. Às vezes, não está na direção que considero correta. São muitas querelas entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo e isso tem dificultado o entendimento. Espero que volte a ter o entendimento.