O ex-ministro Delfim Netto em debate com lideranças do PSD: “Neste momento, a obrigação moral do Estado é realmente se dedicar a reduzir ao mínimo os óbitos”
Os rumos da economia brasileira após a pandemia de Covid-19 e o atual cenário político do País foram os principais temas discutidos na reunião virtual realizada nesta quinta-feira (30) entre os membros da bancada do PSD no Senado e o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, Delfim Netto, com a coordenação do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab.
Promovida por Kassab e pelo líder do PSD no Senado, senador Otto Alencar, a reunião também contou com a participação de lideranças como os governadores de Sergipe, Belivaldo Chagas, e Paraná, Ratinho Junior; e o suplente de senador por Minas Gerais e secretário-geral do PSD Alexandre Silveira.
Durante o encontro, Delfim destacou que o cenário econômico mundial já não era favorável antes da disseminação do coronavírus, com a queda da oferta e da demanda globais. Ele previu uma diminuição no PIB brasileiro de, no mínimo, 6% em 2020.
Mas, apesar da recessão econômica que afetará o País, o ex-ministro ponderou que o Estado deve priorizar a tarefa de reduzir o número de mortes provocadas pela doença. “Neste momento, a obrigação moral do Estado é realmente se dedicar a reduzir ao mínimo os óbitos. Ou seja, não existe nenhuma outra coisa mais importante que realizar essa obrigação moral. Precisamos, portanto, esquecer a economia neste período, que eu espero que termine em 90, 120 dias, e dar ao Estado todas as condições para que cumpra o seu papel”, afirmou Delfim.
Ele também elogiou as políticas adotadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que “estão na direção correta”, e lembrou da gravidade da crise provocada pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff. “Nós vínhamos de uma situação extremamente delicada no governo Dilma. A partir de 2012, a presidente assumiu uma política voluntarista, destruiu a estabilidade do país. Para se reeleger, gastou o diabo. Depois, reeleita, deu uma variação de 180 graus na sua política, o que piorou ainda mais a situação.”
Em resposta a um questionamento formulado pelo senador Otto Alencar sobre o modelo ideal de reforma tributária, Delfim destacou a necessidade de uma proposta ampla, que promova a transferência de renda, diminua as desigualdades sociais e garanta o crescimento econômico por meio do aumento de investimentos do Estado. O ex-ministro lembrou que considera “feita pelos joelhos” a proposta de reforma atualmente em tramitação no Congresso.
Reforma política
Outra medida considerada fundamental por Delfim é uma reforma política, “que possa reduzir o número de partidos e garantir a possibilidade de que um governo eleito, não tendo a maioria no Congresso, tenha que negociar necessariamente com o Congresso o seu programa.”
Sobre a reforma política defendida por Delfim, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ressaltou os efeitos positivos da proibição das coligações proporcionais, regra que será adotada a partir das eleições municipais deste ano. “Os partidos que não investirem em qualidade, em quadros, em comunicação, vão todos desaparecer. Na eleição municipal, já estamos vendo a diminuição no número de partidos e ela é muito saudável”, frisou Kassab.