Gilberto Kassab é o quinto de sete filhos do médico Pedro Salomão José Kassab e da professora Yacy Palermo. Seu pai é um imigrante libanês e um dos tios-bisavós de Kassab, Nimatullah Kassab Al-Jardini, é um santo da Igreja Maronita.
Natural do bairro de Pinheiros, em São Paulo, estudou no colégio tradicional paulistano Liceu Pasteur, onde seu pai atuou como diretor até falecer, em 2009. Graduou-se em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e em Economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Também cursou Introdução à Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) em 1980, Introdução ao Comércio Exterior e Importação em 1985 pela Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) em São Paulo, e ainda formou-se em TTI (Técnico em Transações Imobiliárias) e adicionou a seu currículo a profissão de corretor de imóveis.
Kassab iniciou sua vida política aos 25 anos participando do Fórum de Jovens Empreendedores da Associação Comercial de São Paulo (FJE-ACSP), criado em 1984 pelo empresário e presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Participou também da Federação das Associações Comerciais de São Paulo, do Sindicato da Habitação (Secovi) e do Conselho Regional de corretores de Imóveis (Creci).
Em 1989, Kassab participou da campanha presidencial de Afif e em 1992 foi eleito vereador pelo extinto PL (hoje PR), partido de Afif na época.
Filiou-se ao PFL (atual DEM) em 1995, alcançando a vice-presidência do partido no Estado de São Paulo em 1996 e a presidência em 2007; também foi presidente do DEM na capital paulista.
Foi secretário de Planejamento do governo do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (1997-2000), sendo responsável pela elaboração do Plano Diretor da cidade.
Em 2004 foi eleito vice-prefeito de São Paulo na chapa de José Serra. Em 31 de março de 2006, após a renúncia de José Serra para se candidatar ao governo do Estado de São Paulo nas eleições de outubro daquele ano, Kassab se tornou prefeito de São Paulo. Nas eleições de 2008, Kassab foi reeleito para um novo mandato à frente da Prefeitura.
Em março de 2011, Kassab fundou, junto com dissidentes de diversas siglas como o Democratas, o PSDB e o PPS, o Partido Social Democrático (PSD), cuja legalização dar-se-ia no dia 27 de setembro do mesmo ano. Kassab é o presidente nacional da sigla.
Gilberto Kassab é hoje, figura em evidência na política brasileira, já que o seu partido tem tido considerável crescimento, atraindo para suas fileiras figuras de primeira linha de outras agremiações políticas.
Kassab é o nosso entrevistado do mês.
Cidades do Brasil – O que representa no cenário nacional o capital político reunido pelo Partido Social Democrático (PSD) em cerca de um ano de atuação? Como o senhor se situa como “alvo de cobiça”?
Kassab – O reconhecimento da importância do nosso partido no cenário político brasileiro é a comprovação de que estávamos com a razão quando decidimos criar o PSD, em 2011. A excelente acolhida às nossas propostas mostrou que o eleitor estava à espera de um partido sem ranço ideológico, que coloca os interesses do País acima dos dogmas de direita ou de esquerda. Criamos um partido inovador, independente, que está buscando a efetiva participação de nossos filiados e simpatizantes nas ações que promovemos, seja no âmbito parlamentar ou no executivo. Isso explica o interesse de outras agremiações em fazer alianças conosco e nos indica que estamos no caminho certo.
A rejeição do pedido para que a legenda tenha participação em comissões permanentes e temporárias do Congresso ainda poderá ser revista?
Sim. Na verdade, o STF ainda não julgou essa questão. A decisão recentemente divulgada é apenas uma medida liminar referente ao pedido encaminhado pelos nossos advogados, no sentido de interromper a distribuição dos cargos até que houvesse uma efetiva manifestação da Justiça acerca dessa questão. Temos a confiança de que o Tribunal reconhecerá o direito do PSD a todas as condições necessárias para sua efetiva atuação política, do mesmo modo que os demais partidos.
Também estão frustradas as expectativas como participação no fundo partidário e no tempo na televisão?
Também nesse caso acreditamos firmemente que a Justiça Eleitoral irá reconhecer o nosso direito de atuar em igualdade de condições com as outras agremiações políticas legalmente constituídas.
Qual a importância do governador Eduardo Campos dentro do panorama visualizado para o PSD?
O governador Eduardo Campos é um querido amigo e aliado de primeira hora de nosso partido. Ele esteve ao nosso lado desde as primeiras conversas para a criação do PSD e seu apoio tem sido muito importante nesse período inicial de nossa história. Essa aliança certamente permanecerá e frutificará nos próximos anos. PSD e PSB, juntos, têm uma grande contribuição a dar ao nosso País.
Como fundador e presidente do PSD, o senhor tem procurado fortalecer o partido em todos os estados e no Rio de Janeiro a tendência é para um perfil conservador e religioso. Como avalia o desenvolvimento do partido no estado?
O Rio de Janeiro é um dos Estados em que o PSD está mais forte. Temos a maior bancada da Assembleia Legislativa, com 14 deputados estaduais, 6 deputados federais, muitos prefeitos e vereadores. Além disso, o presidente regional do partido, Indio da Costa, em conjunto com parlamentares e dirigentes da sigla no Estado, vem realizando um grande trabalho de formação política, preparando nossos filiados para entrar com força total na campanha eleitoral deste ano. Por tudo isso, o partido está muito bem no Rio e a tendência é que fique ainda melhor.
Como o senhor vê a popularidade crescente de Dilma Rousseff, superando até a avaliação do governo estadual?
A presidente Dilma vem realizando um excelente trabalho e sua popularidade é a comprovação disso.
Com a definição da candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo, o cenário das eleições presidenciais de 2014 também vai se definindo. Como o senhor identifica e coloca os demais personagens? Serra apoiaria o nome da presidente Dilma em detrimento do senador Aécio Neves, do PSDB?
As eleições presidenciais de 2014 ainda estão muito distantes. Antes disso teremos a campanha municipal, no segundo semestre, que pode provocar mudanças no cenário para o próximo período eleitoral. Os nomes atualmente colocados para a campanha de 2014 são de grande envergadura e têm plenas condições para exercer o cargo de Presidente da República. No que se refere ao ex-governador José Serra não posso responder. Primeiro, porque não tenho procuração para falar em seu nome. Depois, porque não conheço seu pensamento acerca dessas questões.
O senhor acha que José Serra mudou, de forma definitiva, seu foco para 2014?
Sim, nas conversas que tivemos ele deixou muito claro que seu objetivo é realizar uma grande gestão à frente de sua cidade natal. São Paulo caminha para ser a maior cidade do mundo e nos apresenta diariamente grandes desafios, em inúmeras áreas. Enfrentar esses desafios e contribuir para elevar a qualidade de vida de aproximadamente 11 milhões de paulistanos é uma tarefa extremamente gratificante e o ex-governador José Serra me assegurou ser esta sua grande ambição.
Como está o círculo de alianças para as eleições na capital paulista?
As alianças para a eleição deste ano ainda estão sendo discutidas e há muitas questões a serem definidas nas próximas semanas. Mas as conversas estão caminhando bem e temos confiança de que chegaremos ao melhor resultado para a cidade e seus habitantes.
Entre os postulantes a vice-prefeito de São Paulo já estaria definido um nome?
Essa é uma das questões em discussão. No momento certo será definida. Porém o PSD já encaminhou alguns nomes para apreciação do candidato José Serra: Alda Marco Antonio, vice-prefeita de São Paulo e secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social; Alexandre Schneider, secretário municipal de Educação; Elton Zacharias, secretário de Obras e Infraestrutura, Marcelo Branco, secretário de Transportes, Miguel Bucalem, secretário de Desenvolvimento Urbano, Alfredo Cotait, secretário de Relações Internacionais e Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Tenho lembrado sempre que, caso o PV formalize aliança com Serra, um nome que poderia ser avaliado é o de Eduardo Jorge, secretário do Verde e Meio Ambiente.
Com a gama de adversários dispostos no rinque, o PSDB ainda pode ser considerado como favorito nas municipais?
Acredito firmemente que sim. Nossa aliança já prestou e continua prestando excelentes serviços à população paulistana. Desde 2005, em estreita colaboração com o Governo do Estado, também do PSDB, a Prefeitura vem investindo de forma consistente na melhoria da qualidade de vida dos moradores da cidade. Melhoramos muito as nossas escolas, ampliamos de forma expressiva os serviços de saúde, criamos mais parques do que qualquer administração anterior, investimos fortemente na prevenção de enchentes e assim por diante. Tenho certeza de que os eleitores saberão reconhecer a eficiência e consistência desse trabalho e votarão pela sua continuidade.
Quais as consequências de uma eventual candidatura de Tiririca a prefeito de São Paulo?
Pelo que sei este ainda é um assunto restrito às conversas internas do partido e não cabe a mim emitir opinião sobre esse tema.
Ainda corre o boato de que Serra sairia do PSDB, caso vencesse as eleições à prefeitura?
Não me manifesto sobre boatos.
Como ficaria um possível apoio à candidatura a Geraldo Alckmin em 2014?
Já existe hoje uma aliança com o PSDB. Portanto, seria natural que ela tivesse continuidade.
Como o senhor avalia o futuro político de Gilberto Kassab e do PSD?
O PSD nasceu como um partido inovador, com causas definidas, muito importantes para destravar o nosso processo de desenvolvimento econômico e social. A partir desta proposta, e também considerando os canais que estamos oferecendo para estimular a participação de nossos filiados e simpatizantes, tenho certeza de que iremos crescer muito nos próximos anos e contribuir para o avanço das instituições e do próprio País. De minha parte, espero continuar contribuindo para alcançar esse objetivo.