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CPI antecipa depoimento de governador do Amazonas

Presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), marcou para o próximo dia 10 o depoimento de Wilson Lima, alvo da Polícia Federal em investigação sobre desvio de recursos destinados ao combate da pandemia

02/06/2021

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O senador Omar Aziz durante audiência com a médica Luana Araújo

 

O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), decidiu antecipar o depoimento do governador do Amazonas, Wilson Lima, para 10 de junho. A participação de Lima estava prevista somente para o fim do mês, no dia 29. O pedido para a troca partiu do senador Marcos Rogério (DEM-RO), que informou, na abertura da reunião da comissão nesta quarta-feira (2), que a Polícia Federal fez uma grande operação de combate a desvios de verbas públicas no Estado.

Marcos Rogério destacou ainda que a operação está apurando justamente roubo de dinheiro no combate à pandemia de covid-19, o que evidencia a urgência da situação. “Não sei se temos algo com urgência maior do que essa para garantir uma convocação antecipada. Penso que estamos diante de uma situação grave e que demonstraria à comissão e ao Brasil a necessidade de apuração dos fatos, com diligência e cautela, em busca da verdade”, afirmou.

A Polícia Federal investiga se o governo estadual favoreceu empresários locais na construção de um hospital de campanha em Manaus. Os agentes fizeram buscas na casa de Wilson Lima, na sede do governo, na Secretaria de Saúde e na residência do secretário Marcellus Campelo, que foi alvo de mandado de prisão. Em junho do ano passado, o governador amazonense já tinha sido alvo de uma operação por suspeita de fraude na compra de respiradores.

Na quarta-feira, a comissão ouviu o depoimento da médica infectologista epidemiologista Luana Araújo, que chegou a ser anunciada em 12 de maio pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para assumir o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19. Com posição contrária ao uso de cloroquina e hidroxicloroquina como tratamento contra o coronavírus, ela afirmou ter sido informada pelo próprio ministro, após dez dias de trabalho no ministério, que seu nome não teria aval da Casa Civil.

Graduada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e epidemiologista mestra em saúde pública pela Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, a consultora em saúde pública para organizações internacionais garantiu que não recebeu explicação pela não aprovação de seu nome para a pasta.

Em seu depoimento, Luana enfatizou que saúde pública é muito mais que médicos e hospitais e que a discussão sobre o que chamou de “pseudo tratamento precoce” é “esdrúxula”. Ela afirmou ainda que não se pode imputar sofrimento e morte a uma população para se alcançar a imunidade de rebanho.

Defendeu que o Ministério da Saúde tenha uma ação pró-ativa e não reativa, com abordagem precoce dos pacientes. Padrão ouro de testagem no país, o chamado teste PCR, pelas dificuldades técnicas, leva muito tempo para conferir resposta, e com isso se perde a oportunidade de interrupção da cadeia da doença, segundo a médica.

Luana negou ter conversado com Queiroga ou qualquer outra pessoa no ministério sobre cloroquina e outros medicamentos. “Eu disse que um ano atrás nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial e infelizmente mantenho isso em vários aspectos, porque nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se a gente estivesse escolhendo de que borda da Terra plana a gente vai voar, não tem lógica”, afirmou.

A médica, que disse sofrer diversas ameaças, afirmou haver estudos randomizados que mostram aumento de mortalidade com o uso de cloroquina e hidroxicloroquina e que é preciso haver responsabilização por quem o propaga. “Quando a gente transforma isso em uma decisão pessoal é uma coisa, quando você transforma isso numa política pública é outra. A autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação. A autonomia precisa ser defendida sim, mas ela precisa ser defendida com base em alguns pilares: no pilar do conhecimento, da plausibilidade teórica do uso daquela medicação, do volume de conhecimento científico acumulado até aquele momento sobre aquele assunto, no pilar da ética e no pilar da responsabilização”.

Para o presidente da CPI, Omar Aziz, a não nomeação de Luana foi uma questão política, por ela não compactuar com o uso da cloroquina no tratamento da covid. “É inacreditável que alguém formada por uma das melhores universidades do mundo seja vetada. O ministro Queiroga disse aqui pra nós que teria autonomia para nomear quem ele quisesse. Já está provado que não é verdade, ele mentiu aqui pra gente”, disse o presidente da comissão.

 

Fonte: Agência Senado

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