O senador Otto Alencar: “Quero uma investigação isenta. Não tenho compromisso com erro, errou terá que pagar”
Os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM) vão compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, criada nesta terça-feira (13) no Senado para analisar as ações do governo federal no enfrentamento da pandemia. Com 11 senadores, o PSD tem a segunda maior bancada da Casa Federal, só atrás do MDB, que tem 15 parlamentares.
Segundo o líder da bancada do PSD no Senado, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), a escolha dos nomes se deu por “critério técnico”, já que Alencar é médico e “está em todas as pautas de covid no Senado” e Aziz é do Amazonas, Estado em que a atuação do governo federal é objeto da CPI.
Em entrevista à CNN, o líder da bancada destacou a importância de que a comissão seja formada por parlamentares “moderados” e “sensatos”. Para o senador, não é hora de fazer da CPI um “palanque eleitoral”.
Em sua opinião, “há de se ter um foco cada vez mais premente para tentar fazer uma composição de integrantes moderados, sensatos, que possam fazer um bom trabalho, e que não vão ocupar um viés de um palanque eleitoral”, disse Trad. “Os integrantes desta CPI têm que observar que estamos num tempo diferente, um momento de dor, de sofrimento, a gente precisa focar para trazer resultados positivos para o nosso país”, enfatizou.
Trad disse que o governo federal deve estar atento a eventuais prejuízos políticos que podem ser causados pela investigação, e repisou a máxima de que “CPI você sabe como começa, nunca sabe como ela anda e principalmente não sabe como vai acabar”.
Nelsinho Trad defendeu, na entrevista à CNN, a ampliação do escopo da CPI. Para ele, não faria sentido parar uma investigação sobre o governo federal diante de indícios de mau uso do dinheiro público por governadores e prefeitos. “São fatos conexos”, explicou.
Assista aqui à entrevista do senador Nelsinho Trad.
O senador Omar Aziz: um dos episódios que deve ser foco da investigação é o colapso do sistema hospitalar em Manaus
Atuação independente
Ao comentar sua indicação para a CPI da Covid, o senador Otto Alencar destacou que “não tem compromisso com quem errou”, seja em Brasília, nos Estados ou nos municípios. “Já são dois anos fazendo oposição contra Bolsonaro. Nunca despachei com ele. Discordo do governo, completamente, tanto na questão de políticas públicas quanto nas pautas de costumes. Mas quero uma investigação isenta. Não tenho compromisso com erro, errou terá que pagar”, afirmou.
Apesar disso, o senador da Bahia disse que não vê condições sanitárias para a abertura dos trabalhos da CPI neste momento. “Acho que a CPI só pode começar quando o Senado tiver segurança sanitária. Não vou encaminhar um requerimento de convocação de uma testemunha, por exemplo, que corra risco de vida. Não vou convocar um investigado que tenha comorbidade. Não dá para você colocar isso acima da vida das pessoas. A vida se sobrepõe. Quando é seguro, no mês de julho? Vamos funcionar em julho”, defendeu.
Omar Aziz, por sua vez, é um dos signatários do requerimento de criação da CPI. Ele e os outros dois senadores do Amazonas começaram a cobrar mais firmemente o governo federal depois que que o Estado passou a sofrer mais com a crise. Um dos episódios que deve ser foco da investigação é o colapso do sistema hospitalar em Manaus (AM), em janeiro, quando diversas pessoas morreram por falta de oxigênio suplementar.