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Coronel Camilo: ‘Intervenção necessária, mas equivocada na forma’

Coronel Álvaro Camilo, deputado estadual pelo PSD em São Paulo, aponta erros na intervenção federal no Rio de Janeiro

28/02/2018

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Coronel Álvaro Camilo, deputado estadual pelo PSD em São Paulo e ex-comandante da Polícia Militar no Estado

 

Edição: Scriptum

 

É fato: a intervenção federal no Rio de Janeiro é válida, mas se aplicada isoladamente não irá resolver a questão da segurança pública. Era importante uma missão diferenciada? Com toda certeza! Só que é necessário realizar, paralelamente a isso, outras ações o quanto antes: valorizar o policial do Rio de Janeiro, melhorar os salários, oferecer capacitação e dar ferramentas de trabalho, ou seja, mais viaturas e demais equipamentos de trabalho.

É claro que neste momento a segurança vai melhorar, pois estamos falando de uma saturação, mas sem a continuidade, não iremos obter resultados – as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), por exemplo, no começo pareceram dar muito certo e depois perderam a força. Em um segundo momento, precisamos mexer nas ações sociais. Onde há vácuo de poder, o crime toma conta.

Vejam, na prática: quando o Exército sair, voltará tudo ao normal – e pode voltar pior do que estava antes. Por isso, insisto em atividades de atendimento de saúde, social, encaminhar as pessoas para atendimento que necessitam e aplicar um trabalho de inclusão para oferecer emprego para os cidadãos. No terceiro momento, reforçar a área da educação.

Outra atitude fundamental neste período é criar um gabinete de gestão integrada. Dar poder para as polícias de lá e formar um comitê de gestão. Isso foi feito em São Paulo durante os ataques de facções, em 2006. Nada mais é do que reunir a Secretaria da Segurança, a Administração Penitenciária, O Ministério Público, Polícia Federal, Polícia Militar, polícias civil, científica, Exército e Tribunal de Justiça para trocarem informações.

Somente passar o comando para o Exército não vai resolver a questão. Na cidade de São Paulo, há alguns anos, deu muito certo a Operação Saturação por Tropas Especiais (OSTE), popularmente conhecida como “Operação Saturação”, feita pelo Choque da PM paulista. Onde há crime não tem como dar aula, dar atendimento social. Onde o crime domina, os médicos e os professores não querem ir e a assistência social não chega até a população. Então, se fazia uma saturação em determinado bairro e depois aplicava-se a “Virada Social”, levando escola, asfalto, dentista, saúde e mais educação.

Vou mais longe: deveria ser feita uma intervenção administrativa em todo o Rio de Janeiro. É necessário melhorar a gestão como um todo. Não é só colocar Forças Armadas para resolver, sem contar que o profissional jovem do Exército vem muitas vezes de outro Estado e é colocado numa comunidade que ele não sabe como funciona. É muito mais fácil dar poder aos policiais do Rio de Janeiro e evitar efeitos negativos. Ação é necessária, mas eu mudaria a forma!

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