Economia

Encontro Democrático: credibilidade é o grande desafio do governo

Debate promovido pelo Espaço Democrático reuniu economistas e lideranças do partido para analisar as perspectivas econômicas do País sob o governo que está se iniciando

24/05/2016

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Os professores Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo

 

Há perspectivas positivas no cenário internacional e também expectativas otimistas por parte da sociedade brasileira, mas o grande desafio do governo que está se iniciando é recuperar a credibilidade na economia nacional. Este foi, em resumo, o recado dado pelos economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo durante o 22º Encontro Democrático, realizado pela fundação do PSD para estudos e formação política – o Espaço Democrático – no final da tarde de segunda-feira (23), com o tema “Perspectivas para a Economia”.

Durante o evento, do qual participaram filiados e simpatizantes do partido, além de lideranças como o pré-candidato do PSD à Prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo, o deputado estadual Coronel Camilo e o ex-presidente do Tribunal de Contas do Município, Eurípedes Salles, os palestrantes fizeram uma exposição sobre a situação econômica brasileira e de seus principais parceiros comerciais, mostrando os problemas atualmente enfrentados e as oportunidades de melhoria que se apresentam para o País.

 

Veja em vídeo como foi o encontro:

 

Esta foi a vigésima segunda reunião da série, que começou há mais de um ano e nos últimos meses vem se dedicando a tratar de assuntos de interesse da sociedade e que provocam impacto direto na atuação daqueles que estão ou pretendem entrar na vida pública. O propósito final é produzir conhecimento por meio da divulgação de boas práticas de gestão. Temas como saúde, saneamento, educação, turismo, esportes, transporte urbano e parcerias público-privadas foram alguns dos apresentados até o momento.

Assim como nos encontros anteriores, a íntegra das palestras deste 22º Encontro Democrático será disponibilizada em breve no site do Espaço Democrático, permitindo que as informações apresentadas durante o debate sejam compartilhadas com todos os interessados no assunto.

Em sua apresentação, o economista Luiz Alberto Machado, vice-diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado e colaborador do Espaço Democrático, procurou demonstrar que, apesar de ter sido apontado pelo governo Dilma Rousseff como uma das causas da crise econômica do Brasil, o cenário mundial mostra aspectos positivos e pode contribuir para a recuperação de nossa economia. Enfatizando que o grande foco do governo Temer deve ser a busca da credibilidade e do resgate da confiança dos investidores nos fundamentos econômicos brasileiros, ele traçou um diagnóstico da situação atual e falou sobre as perspectivas do País.

Segundo disse, o Brasil deverá repetir em 2016 o fraco desempenho que vem apresentando desde 2011, enfrentando, portanto, uma realidade bastante complicada, em razão dos erros da política econômica dos anos anteriores, em especial das ações que não foram adotadas em 2014 pelo fato de se tratar de ano eleitoral.

 

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Entre os erros cometidos, ele apontou a ênfase continuada na expansão do consumo, a ação política sobre as ações do Banco Central, a manutenção da inflação no teto da meta, as pedaladas, protecionismo e o congelamento de preços de itens estratégicos com motivação eleitoreira.

Para ele, “como se previa, a economia apresentou fraco desempenho em 2015, porém a realidade mostrou um resultado aquém das piores expectativas, culminando com um crescimento negativo do PIB da ordem de 3,8%”. Machado destacou ainda que, com o agravamento do quadro político e seu impacto na economia, é muito provável que o mau desempenho se repita em 2016. “A inflação, que fechou 2015 acima dos 10%, deverá recuar em 2016, permanecendo, no entanto, acima do limite superior da meta”, disse.

Para ele, considerando o cenário internacional, o “Brasil se apresenta como um ponto fora da curva, com crescimento abaixo da média mundial, inflação elevada e acentuada queda de sua imagem perante os organismos internacionais”. Por isso, enfatizou “o objetivo é a reconquista lenta, mas gradual da confiança”.

Por sua vez, Roberto Macedo, professor da USP e colaborador do Espaço Democrático, acredita que, “no horizonte imediato, o grande problema da economia está nas contas governamentais federais e na dificuldade política de resolvê-las, o que gerou essa desconfiança e expectativas negativas de grande efeito sobre consumo e investimentos”. E afirma: “É preciso reverter essas expectativas”.

Poderiam contribuir para isso, em sua opinião, medidas como a fixação de um teto para o gasto público (anunciado no dia seguinte, terça-feira, 24, pelo governo), limite para a dívida pública federal, a reforma da Previdência, mudanças na legislação trabalhista – que permitissem liberar a terceirização e facilitar os entendimentos entre patrões e empregados –, reforma do ICMS, um grande pacote de concessões de serviços públicos e Parcerias Público-Privadas em infraestrutura e, por fim, o relaxamento das regras para investimento na exploração do petróleo no pré-sal.

De acordo com Macedo, a adoção dessas medidas traria expectativas positivas, que se somariam às oportunidades para melhorar que se vislumbram no cenário econômico para criar um círculo virtuoso de recuperação. Entre essas oportunidades de melhoria, ele citou levantamentos como o Focus, do Banco Central, que indicam uma previsão de “melhora” (na qual a economia para de cair ou atinge fundo do poço) em 2017.

Assim, em sua visão, o ciclo econômico favorece: “A economia parece haver atingido um ponto no qual é predominantemente movida pelas suas necessidades básicas de consumo; a inflação vinha caindo, maio foi ruim, mas se continuar a subir o Banco Central pode reduzir a taxa básica de juros; a taxa cambial maior vem ampliando as exportações e reduzindo as importações, ampliando o PIB ou aliviando”.

Com esses dados, ele acredita que é de 60% as chances de o governo Temer mostrar sucessos relevantes no caminho para o ajuste, com redução dos déficits fiscais, menor crescimento da relação dívida/PIB, aumento dos índices de confiança e estabilidade do câmbio.

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