ARTIGO

Murillo Ronald Capella: Vacina para todos

Médico e professor universitário defende em texto publicado no jornal ND, de Santa Catarina, a importância de a população entender a necessidade de se proteger contra a pandemia

06/01/2021

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Murillo Ronald Capella, cirurgião pediátrico do Estado e ex-professor do curso de medicina da UFSC. Aos 84 anos, dá aulas na Unisul, nas disciplinas ética médica e bioética. 

Recordo que no início da década de 80, o governador Jorge Konder Bornhausen trouxe a Florianópolis o eminente cientista Albert Sabin para orientar e estabelecer critérios para o enfrentamento da poliomielite em Santa Catarina.

O norte do Estado sofria com o avanço da doença, a chamada paralisia infantil, e o governo precisa agir. Dr. Sabin veio, visitou o Hospital Nereu Ramos e o Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde, como diretor do nosocômio, fui seu cicerone. Depois de várias reuniões com órgãos federais, estaduais e municipais, Dr. Sabin deu seu veredito: “A vacinação tem que ser compulsória para crianças de 0 a 5 anos e em forma de campanha”.

O governo acatou o veredicto, adotou a vacinação em massa, gesto que foi reproduzido em todo o Brasil. Nosso Estado foi o pioneiro e deu o exemplo. A poliomielite foi praticamente erradicada no país desde 1981.

Cito também o médico Oswaldo Cruz, que, como Diretor de Saúde Pública, instituiu, no Rio de Janeiro, em 1904, a vacinação obrigatória contra a varíola, que ceifava vidas na capital do país. Houve o contra por parte de setores da população, chamado de a Revolta da Vacina, mas de nada adiantou. Oswaldo Cruz venceu e a varíola foi erradicada.

E agora, ante a pandemia do coronavírus, surge a discussão de que a vacinação deve ser ou não ser obrigatória, com base nas observações que se deve respeitar a autonomia das pessoas, o direito de ir e vir, os direitos humanos, a constituição, etc.

Falar em efeitos colaterais é menosprezar os avanços da ciência. Todos os medicamentos, assim como as vacinas, têm efeitos colaterais, felizmente, mínimos. Algumas pessoas vêm recusando a vacinação para doenças infectocontagiosas, aumentando a incidência de doenças evitáveis, como o sarampo, por exemplo. As vacinas são um dos dez maiores avanços da ciência e da medicina em todos os tempos.

As vacinas contra a Covid-19 estão chegando. É a única forma de vencer a pandemia. Se se confiar na desinformação do povo brasileiro, quantas pessoas deixarão de ser vacinadas e continuarão vulneráveis transmitindo o vírus? Por isso, é necessária uma campanha de conscientização bem feita. As vacinas estão batendo à porta. A população precisa assumir que esta é a maneira mais eficaz de não contrair a doença. Vamos nos vacinar, sem ideologia.

 

 

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