Os registros de roubos e furtos de celulares aos domingos na avenida Paulista dispararam ao longo do último ano, período em que a Prefeitura passou a abrir a via aos pedestres. De acordo com dados publicados pelo O Estado de S. Paulo, desde outubro de 2015, a cada domingo foram registrados cerca de 17 boletins de ocorrência por furto ou roubo de celular. No ano anterior, a média era de 9. De acordo com o deputado estadual Coronel Alvaro Camilo o Estado e, principalmente, a Prefeitura precisam agir.
Ex-comandante da Polícia Militar, Camilo avalia que a falta de fiscalização municipal é um grande facilitador para a ocorrência de crimes. “A avenida foi tomada pela desordem urbana, está repleta de camelôs nas ruas próximas, na própria avenida, há flanelinhas e as chamadas “cabaninhas” pela região”, afirma. “A desordem urbana, física e social, é responsabilidade da Prefeitura, que também desativou a Operação Delegada; ela resolveria o problema na avenida. Na Operação havia 100 homens pela manhã, 100 homens à tarde”, lamenta o deputado.
De acordo com dados da reportagem, entre outubro de 2015 – quando a via passou a receber exclusivamente pedestres aos domingos – e setembro deste ano foram 2.879 boletins de ocorrência por furtos e roubos de celular. Desse total, um terço aconteceu aos domingos: 884 telefones, avanço de 82% na comparação com 2015. Essa taxa é muito superior ao aumento total de furtos e roubos na capital (3,3%). Entre outubro de 2014 a setembro de 2015 foram, ao todo, 1.817 registros.
“O governo do Estado também deveria intensificar o patrulhamento na Paulista, especialmente nesta época do ano, de maior movimento. Havia supedâneos (postos elevados de observação) que foram desativados e que não foram substituídos por outros tipos de policiamento”, avalia o deputado estadual. “Falta ação do Poder Público, falta vontade política, falta o administrador da cidade saber que administrar é definir prioridades e a avenida Paulista, o cartão de visita de São Paulo, tem que ser prioridade”, completa.
O presidente do Conselho de Segurança (Conseg) da Bela Vista, Luciano Martins, conta que os ladrões fogem para vias transversais de bairros, como a Bela Vista, depois dos crimes.
Moradores da região relatam furtos e roubos e dizem que a situação piorou com a maior concentração de pessoas aos domingos. A advogada Raphaela Galletti, que mora na esquina com a Brigadeiro Luís Antônio, conta que tenta sair sem bolsa, celular ou carteira, apenas com cartões e dinheiro nos bolsos para atravessar a avenida. Felipe Moreira mora a uma quadra da avenida e teve o celular furtado numa quinta-feira do mês passado. “Aos domingos, fico especialmente alerta”, afirma.
Operação Delegada contribuiu para redução da criminalidade na cidade
Pela parceria com o Governo do Estado, idealizada em 2009 pelo então prefeito Gilberto Kassab e o então comandante geral da PM, coronel Camilo, a Prefeitura de São Paulo pagava para que policiais militares trabalhassem em seus dias de folga, em áreas de grande fluxo de pessoas, com competência administrativa para atuar também em algumas posturas municipais, inclusive contra o comércio ilegal.
Kassab e Camilo caminham na região da rua 25 de Março, no Centro, em vistoria às ações da Operação Delegada
Os resultados obtidos foram extremamente positivos. A região da Rua 25 de Março chegou a registrar 82% de redução da criminalidade. Nas subprefeituras da Mooca, Santo Amaro e Sé houve queda de 70% na criminalidade. No viaduto Santa Ifigênia, que vivia tomado por ambulantes irregulares e registrava diversos roubos e furtos, a redução chegou perto de 100%.
O sucesso na capital paulista inspirou mais de 45 municípios a adotar estratégias semelhantes no Estado de São Paulo.
É o caso de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, que em menos de 20 dias de operação já registrava queda de 30% no número de roubos e furtos nas regiões central e Sul da cidade, onde foi implementada. Em Taubaté, também no Vale do Paraíba, os números foram mais expressivos ainda: a redução no número de furtos e roubos já bateu em 50%.
As cidades que adotam a Operação Delegada, inspiradas pela experiência positiva da Capital: Mogi das Cruzes, Parapuã, Andradina, São José do Rio Preto, Assis, Fernandópolis, Agudos, Cesário Lange, Sorocaba, Olímpia, Potirendaba, Votuporanga, Caraguatatuba, Buritama, Ourinhos, Bady Bassit, Angatuba, Bastos, Guaratinguetá, Poá, Tanabi, Taubaté, Guararema, Biritiba Mirim, Anhembi, Botucatu, São José dos Campos, Ilhabela, Casa Branca, Iacanga, Itapetininga, Pindamonhangaba, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Rosa do Viterbo, Pereira Barreto, Bauru, Quatá, Iperó, Lençóis Paulista, Santos, Mococa, Promissão, Sud Menucci e São Carlos.
