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Recuperação

Campos: Correios quer saída para prejuízos históricos

O presidente da empresa, Guilherme Campos, disse em reunião na Câmara dos Deputados que a intenção da atual diretoria “é construir uma solução conjunta, entre direção e trabalhadores”

07 de abr de 2017

Campos participou de reunião da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento e Amazônia, da Câmara dos Deputados

Os Correios tiveram prejuízo de R$ 2,1 bilhões em 2015 e o balanço parcial aponta para resultado negativo similar em 2016. Para enfrentar essa situação, o presidente da empresa, Guilherme Campos, disse nesta quinta-feira (6) que a recuperação implementada pela atual gestão será realizada com total transparência. Campos participou de reunião da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento e Amazônia, da Câmara dos Deputados, onde também ressaltou a importância da frente parlamentar que trata da questão dos funcionários da instituição.

“Assim que assumi os Correios, chamei todos os mais de 30 sindicatos e entidades de representação para nos apresentar. Desde então, nunca foi negada uma audiência. Todos os dados sobre a situação da empresa estão inteiramente à disposição”, afirmou Campos. “Nossa intenção é construir uma solução conjunta, entre a direção e os trabalhadores. Não queremos fazer um cabo de força, onde se tira de um lado para dar a outro”. Ele também afirmou que nem o presidente da República, Michel Temer, nem o ministro Gilberto Kassab, “nem eu mesmo queremos a privatização da companhia”.

Ao apresentar os números da empresa na reunião desta quinta-feira, Guilherme Campos afirmou que “numa série histórica de 2000 até 2016, só houve resultado operacional positivo – sem levar em consideração as receitas financeiras – em cinco anos (2001, 2002, 2007, 2008 e 2010).” Além disso, informou o presidente, o governo retirou do caixa da companhia mais de R$ 6 bilhões em antecipação de dividendos entre 2007 e 2013. “Não existe empresa no mundo que consiga resistir a prejuízos tão grande durante tanto tempo”, afirmou.

Plano de Saúde

Com 117 mil titulares e 400 mil vidas (que são as pessoas cobertas pelo convênio), o plano de saúde dos Correios contribuiu com R$ 1,6 bilhão para o prejuízo aferido em 2015. Em 2016, a parcela do convênio médico nas perdas subiu para R$ 1,8 bilhão. “É o único, tanto entre empresas públicas quanto privadas, em que a empresa entra com 93% para todos os trabalhadores ativos e aposentados, filhos, cônjuges, pais e mães”, avaliou Campos. O presidente da empresa disse que o benefício é legal e legítimo. “Mas foi acordado entre a Correios e os funcionários num cenário passado, em que a empresa tinha condições de arcar com os valores que lhe cabiam”.

“Na atual situação, com a queda da atividade do monopólio e a necessidade de se concorrer no que seria sua atividade principal, que é a entrega de encomendas, a empresa não consegue mais manter essa despesa”, afirmou. Segundo Campos, a atual direção tentou levar essa discussão à comissão paritária dos Correios, mas não conseguiu construir um acordo com os trabalhadores. “A empresa não quer acabar com seu plano de saúde, quer achar uma saída para isso. Formalizaremos na Justiça do Trabalho um pedido de reconsideração”, informou.

A proposta da direção é que os Correios arquem com 100% da despesa de saúde do seu trabalhador na ativa e dos aposentados, além de destinar 15% do lucro da empresa para abatimento do custeio do plano dos dependentes do ano subsequente. Cada um dos titulares deverá, assim, assumir as demais despesas pelos seus dependentes. “Ninguém está deixando de assumir a responsabilidade sobre a saúde dos trabalhadores. Dependentes ficariam para cada titular do plano”, disse.

Custo alto

“Só há uma maneira de se vencer a situação, que é delicada. Enfrentando os problemas”, apontou. No ano passado, a empresa promoveu um trancamento no seu orçamento, o que reduziu seu prejuízo. “Caso não tivéssemos tomado essa atitude, o prejuízo seria de mais de R$ 3 bi”, informou. No primeiro bimestre de 2017, apesar de cortes em gratificações e supressão de diversas posições no organograma da empresa – com economia de mais de R$ 100 milhões –, ainda não será possível reverter os prejuízos. “O balanço ainda não nos deixa confortável”, disse Guilherme Campos.

“Toda relação com os funcionários foi firmada num período em que a atividade do monopólio permitia o pagamento dos benefícios atuais. Hoje o custo da mão de obra ativa e dos aposentados é de 68%, muito acima das principais empresas do setor no mundo. Tudo isso vem impactando os resultados da empresa. Tem se tornado cada vez mais patente a necessidade de atualização à nova realidade”, afirmou Campos.

O dirigente da estatal falou ainda sobre o mercado postal no mundo. “O serviço postal do monopólio atualmente é aquele prestado às atividades comerciais e judiciais, no mundo inteiro. Todas as empresas postais de outros países tiveram que se adaptar à nova realidade das trocas de mensagens eletrônicas e procurar complementar ou substituir as atividades tradicionais dos correios”, concluiu Campos.

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