descarte de lixo

A população afirma que há locais em que o lixo se acumula durante dias, ou até semanas, antes que seja recolhido pela Prefeitura.

A cidade está suja. É o que se vê em todas as regiões da capital paulista, com entulho acumulado, pontos viciados de descarte que não recebem serviços e com varrição deficiente. Relatório publicado nesta semana pela ouvidoria municipal corrobora a percepção e mostra que, no primeiro trimestre de 2016, as reclamações registradas sobre os serviços de limpeza e jardinagem bateram recorde, com 773 protocolos, o maior número desde que a medição foi iniciada, em 2005. A quantidade equivale a 16,6% do total de reclamações nos três primeiros meses deste ano.

Ao final de 2011, em iniciativa da gestão de Gilberto Kassab, a Prefeitura de São Paulo adotou um novo modelo de limpeza pública que aumentou a eficiência do trabalho realizado e deixou a cidade mais limpa. Reportagem do jornal Estado de S. Paulo, em janeiro de 2012, mostrava que a quantidade de lixo coletada aumentou e que a população já percebia os bons resultados, seja em áreas comercias nos bairros, seja no centro da cidade.

Quatro anos depois, infelizmente, a situação mudou para pior. Agora a reportagem do Estado esteve no Centro e nas zonas Sul, Norte e Leste da cidade e, em todas, encontrou problemas. Nas áreas mais carentes, constatou, os problemas são mais graves. A população afirma que há locais em que o lixo se acumula durante dias, ou até semanas, antes que seja recolhido pela Prefeitura. A falta de serviços de jardinagem tem criado verdadeiros esconderijos para ladrões.

Uma moradora de uma travessa da avenida Nordestina, em São Miguel Paulista, relata a situação de um córrego próximo, coberto por mato alto, repleto de lixo e entulho. Ela conta que os vizinhos chegaram a se juntar para cortar a grama e instalar vasos, com dinheiro próprio. O local, afirmam, é usado como esconderijo para criminosos, seja para fugir da polícia, seja para assaltar moradores da região. Também serve como criadouro de pragas, como ratos e baratas.

Zona Norte. Na Avenida Inajar de Souza, perto da Fábrica de Cultura, o lixo despejado no entorno se acumula por dias, interditando as calçadas. Pedestres caminham pela rua para conseguir passar. Comerciantes relatam que chegam a limpar por conta própria os restos de televisões, colchões, sacos rasgados e carcaças de automóveis. Em ruas com muitas empresas instaladas no Limão, a lixo espalhado fora dos sacos plásticos em todas as esquinas.

Varredeira, um dos equipamentos utilizados na limpeza pública no projeto de 2011

Varredeira, um dos equipamentos utilizados na limpeza pública no projeto de 2011

Novo modelo deixou a cidade mais limpa

Em dezembro de 2011 passou a funcionar na cidade um novo modelo dos serviços de limpeza pública, conhecidos anteriormente apenas como serviços de varrição. O modelo otimizava os serviços de varrição e complementares – que compreendem a remoção de entulho, lavagem de vias e monumentos, conservação de logradouros, capinação e pintura de guias – e agrega serviços como a operação dos Ecopontos, limpeza e desobstrução de bueiros e bocas de lobo, operações Cata-Bagulho, além da instalação de 150 mil novas lixeiras e 1.500 Pontos de Entrega Voluntária de materiais recicláveis (PEVs).

Já em janeiro do ano seguinte, reportagem do Estado de S. Paulo registrou os avanços. Em 15 regiões visitadas, moradores e comerciantes relataram melhoria na limpeza das ruas. O volume recolhido aumentou 20% nos primeiros 30 dias do novo modelo, passando de 1,6 mil toneladas por dia para 1,9 mil toneladas. O texto destacava as novas atividades: limpeza dos bueiros, recolhimento de entulhos e trabalho aos domingos. O método de varrição dos agentes também foi elogiado: uma equipe de três varredores vai na frente acumulando montes de sujeira e outro trio vem logo atrás para limpar o que foi acumulado. As empresas usam caminhões-pipa para lavar as calçadas depois da varrição, medida que aumentou a percepção de melhoria da limpeza das vias. A lavagem das avenidas comerciais e de vias próximas de estações de metrô e de terminais de ônibus passaram a fazer parte do novo modelo.

Além dos elogios nos bairros, no Centro a situação chamou mais a atenção. Em Santa Cecília, Barra Funda e Higienópolis, regiões que sofriam com o “garimpo” feito por pessoas em situação de rua e catadores de material reciclável no lixo de comércios e de condomínios, os agentes passaram a recolher os restos que eram retirados dos sacos e que, no passado, eram deixados nas vias.

No novo modelo trabalham cerca de 13 mil pessoas, com 660 veículos, entre coletores, caminhões pipa e varredeiras. Foram instaladas 150 mil novas lixeiras, confeccionadas com material reciclável e equipadas com cinzeiro. Cada uma é identificada com chip ou código de barras para a fiscalização por parte da Prefeitura da sua manutenção e higienização. A administração dos Ecopontos, locais para entrega de entulho e inservíveis, passou a ser feita pelas empresas, abertos de segunda à sábado, das 6h às 22h, e aos domingos das 6h às 18h, para que a população tenha maior facilidade para descartar grandes volumes que não podem ser retirados pela coleta de lixo. As operações Cata-Bagulho também passaram a ser feitas pelas novas contratadas.

Novos equipamentos passaram a ser usados na limpeza. Varredeira; caminhão Antares, Pipa e Hidrojato – três tipos diferentes de caminhões utilizados para a lavagem de vias; caminhão Coletor Compactador; caminhão Basculante – utilizado para a coleta e o transporte de grande quantidade de resíduos; caminhão Carroceria – utilizado para a coleta e transporte de grandes objetos; caminhão Delivery – veículo de pequeno porte (VUC) utilizado em locais de difícil acesso e restrição; caminhão Munck – veículo com braço mecânico utilizado para levantar contêineres e caçambas; coletor de feira – Contêiner de material plástico aberto em sua extremidade superior; Lutocar – “Carrinhos” utilizados pelos varredores para transportar os resíduos de varrição; Varredeira pequena.