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Grandes cidades devem desestimular uso do carro, conclui debate preparatório para a Habitat III

Especialistas mostraram dados de pesquisas que revelam prejuízos do modelo baseado no transporte individual: 1,2 milhão de pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito no mundo, e até 10% do PIB de uma cidade é desperdiçado em congestionamentos.

29 de fev de 2016

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Participantes do painel “Cidade motorizada: desestímulo ao uso do automóvel” discutiram os prejuízos urbanos, econômicos e ambientais do uso de automóveis

As grandes cidades devem adotar medidas que incentivem seus habitantes a deixarem de usar cada vez mais o carro e adotarem um modelo de mobilidade urbano menos agressivo ao meio ambiente, que priorize o transporte coletivo. Esta foi a principal conclusão do painel “Cidade motorizada: desestímulo ao uso do automóvel”, realizado na manhã desta segunda-feira (29), na Praça das Artes, em São Paulo, como parte do Encontro Rumo à Habitat III – Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável. O evento, realizado pelo Ministério das Cidades, é apoiado pela Cooperação Alemã/GIZ, Cities Alliance, Habitat for Humanit, CEBIC, Conselho das Cidades (ConCidades) e Prefeitura de São Paulo.

A mesa de discussão foi coordenada por Marcos Santos, analista de infraestrutura da Secretaria de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, e teve como debatedores Luís Antônio Lindau, diretor da WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Renato Boareto, coordenador de mobilidade urbana do Instituto de Energia e Meio Ambiente, Eleonora Pazos, gerente do programa para América Latina e Caribe da Associação Internacional do Transporte Público, e Marcelo Cintra do Amaral, coordenador de Políticas de Sustentabilidade – BH Trans.

Com base em informações de pesquisas de diferentes fontes, os debatedores apontaram os prejuízos urbanos, ao meio ambiente e à economia que o modelo vigente, de uso individual do automóvel, provoca. Segundo Luís Antônio Lindau, 1,2 milhão de pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito no mundo, e até 10% do PIB de uma cidade é desperdiçado em congestionamentos. Outro dado, citado por Renato Boareto, de um estudo realizado em 2014, aponta o transporte individual como responsável por 78% dos lançamentos de gases do efeito estufa no Brasil.

“O crescimento demográfico, o envelhecimento da população, as alterações climáticas, a poluição e a escassez de algumas fontes de energia são fatores que reforçam a necessidade de uma mudança de pensamento”, destacou Eleonora Pazos.

Foi consenso entre os palestrantes que os governantes têm papel fundamental na transformação necessária. Eles devem introduzir políticas públicas que priorizem o transporte coletivo de forma planejada, com financiamento, integração entre modais e uso de tecnologia, entre outras ações, visando melhorar a mobilidade.

Marcelo Cintra do Amaral, que coordena o plano de mobilidade urbana de Belo Horizonte, afirma que para realizar as mudanças necessárias é preciso criar estratégias, inovar e fazer o monitoramento constante das realizações. “É preciso dialogar com os outros setores, como saúde e meio ambiente, por exemplo, para realmente mudar. Temos que criar mecanismos para discutir com todos, ter uma pauta transversal, pois o tema é influenciado e influencia outros setores importantes”, pontua Marcelo.

Para ele, hoje há muita gente interessada, seja de modo individual ou em grupos, em mudar a realidade nos centros urbanos, em buscar novas abordagens e novas tecnologias. “Nós temos que evidenciar, demonstrar o que afirmamos, de que a mudança é necessária; mostrar que isso gera resultados não só nos transportes, mas em outros setores”. Em Belo Horizonte, contou ele, “estudamos como fazer a gestão da demanda e implantamos metas claras para reduzir acidentes, diminuir a emissão de poluentes, aumentar os modais coletivos e diminuir os individuais”, explica.

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